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Matheus Nachtergaele em Vitória: “Vivo um momento iluminado”

Esta foi uma das revelações feitas pelo ator, que foi o homenageado do 22º Festival de Cinema de Vitória. Ator é oriundo do grupo de teatro Vertigem

Ator foi homenageado durante o festival Foto: Divulgação

Com uma mistura de constrangimento de quem nunca se aceita como completo, o ator Matheus Nachtergaele abriu a coletiva concedida na tarde da última segunda-feira (14) agradecendo a homenagem do 22º Festival de Cinema de Vitória.

Ele disse estar em uma fase iluminada e não separa a vida cotidiana do trabalho. “As memórias que tenho de cada filme se confundem com o último beijo que dei em minha avó”, relatou.

Ser ator, disse ele, é estar completo em suas cenas, como um certo momento de possessão.  “O ator é um arauto dos arquétipos humanos. É um contador da história de todos nós”, ressaltou ele, do alto de seus 1,60 metro de altura.

Pequeno em estatura e gigante em intensidade, Matheus comparou o ator ainda com outras artes e disse que, ao contrário da música que usa o instrumento ou as artes plásticas, que usa outros suportes, o ator usa seu corpo em sua voz, físico, idade, memórias e até a forma como enxerga a vida para dar vida a seus personagens.

Vindo do grupo Vertigem, que no começo dos anos 90 levou formas de interpretação a lugares ignorados como palco, como hospitais, igrejas e presídios, ele ressalta que o cinema o “roubou” do teatro, mas que no momento ele finaliza um filme e apresenta um esquete, em que canta músicas que a mãe dele gostava e recita poemas que herdou dela.

Matheus disse, emocionado, que não chegou a conhecer a mãe, que morreu quando ele era ainda muito pequeno. Mas estes poemas são uma forma de conhecê-la e que ele sempre os guardou como tesouros.

Homenagem

Matheus Nachtergaele, Homenageado Nacional desta edição, vai receber o troféu Vitória às 20h30, no Theatro Carlos Gomes, junto com o caderno do Homenageado, que conta a trajetória do ator. Ele ainda vai receber uma joia em ouro branco, assinada pela designer Carla Buaiz.

Matheus Nachtergaele possui uma carreira reconhecida no teatro, cinema e televisão. No início da década de 1990, ganhou notoriedade por seu trabalho com a companhia Teatro da Vertigem, sob a direção de Antônio Araújo, destacando-se por sua atuação no espetáculo “O Livro de Jó”.  Em 1997, fez sua estreia no cinema em “O Que é Isso, Companheiro?” (1997), de Bruno Barreto, ao mesmo tempo em que aparecia na televisão na série “A Comédia da Vida Privada”.

No ano seguinte, Nachtergaele foi escalado para interpretar a travesti Cintura Fina, na minissérie global “Hilda Furacão”, o que lhe rendeu reconhecimento nacional – que veio a ser consolidado com o personagem João Grilo, na minissérie transformada em filme “O Auto da Compadecida”, de Guel Arraes, uma adaptação da obra de Ariano Suassuna. Paralelamente à trajetória na televisão, Matheus traçou um longo caminho no cinema, participando de mais de 30 filmes, entre os quais estão “Amarelo Manga” (2003), “Baixio das Bestas” (2007) e “Febre do Rato” (2011), de Cláudio Assis, “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles, e “Trinta” (2014), filme dirigido por Paulo Machline e exibido na programação de sábado. Como diretor, estreou com o premiado “A Festa da Menina Morta” (2008).

Mostras competitivas                

A programação de filmes que concorrem ao Troféu Vitória segue intensa neste quarto dia de Festival. A 19ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas também convida o público a acompanhar a diversificada programação do Festival. Depois da homenagem serão exibidos cinco filmes, entre eles, “A Copa do Mundo no Recife”, de Kleber Mendonça Filho, mesmo diretor do premiado longa “O Som ao Redor”. A animação do experiente Marcelo Marão, “Até a China”, também faz parte da programação do dia, assim como o capixaba “Alguns Tritões”, de André Ehrlich Lucas; “Verão Polonês”, de André Mielnik; e “À Festa. À Guerra.”, primeiro filme dirigido pelo ator Humberto Carrão Sinoti.

O longa-metragem da noite, “Sinfonia da Necrópole”, de Juliana Rojas, será exibido às 21h, dentro da 5ª Mostra Competitiva Nacional de Longas. O filme, que já participou de vários festivais dentro e fora do país, marca o retorno da diretora às competições do Festival de Cinema de Vitória, três anos após seu curta-metragem “O Duplo” ter levado três troféus na 19ª edição, em 2012.

O 22º Festival de Cinema de Vitória é uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA) e conta com o patrocínio do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com parceria da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo e da Prefeitura Municipal de Vitória, além do apoio institucional do Instituto Sincades e do apoio do Canal Brasil, CiaRio, DOT, Mistika, Cinecolor, Link Digital, Cesan, Ufes, Sebrae e site Adoro Cinema.

Confira a programação de segunda-feira (14/09):

19h – 19ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas - Theatro Carlos Gomes

VERÃO POLONÊS, de André Mielnik (RJ, FIC/ 19 min.) - http://migre.me/qX7mW

ATÉ A CHINA, de Marcelo Marão (RJ, ANI/15 min.) - http://migre.me/qX71G

À FESTA. À GUERRA., de Humberto Carrão Sinoti (RJ, FIC/17 min.) - http://migre.me/qX6Jg

ALGUNS TRITÕES, de André Ehrlich Lucas (ES, DOC/16 min.) - http://migre.me/qX6Wg 

A COPA DO MUNDO NO RECIFE, de Kleber Mendonça Filho (PE, DOC/15 min.) - http://migre.me/rtDH5

20h30 - Homenageado Nacional - Matheus Nachtergaele - Theatro Carlos Gomes - http://migre.me/rtDX2

21h - 5ª Mostra Competitiva Nacional de Longas - Theatro Carlos Gomes

SINFONIA DA NECRÓPOLE, de Juliana Rojas (SP, FIC/85 min.) - http://migre.me/qX6fL

ENTRADA FRANCA!
Mais informações: www.festivaldevitoria.com.br