Faltam 579 dias para a Rio 2016. E já no clima olímpico, enquanto atletas prometem trabalhar em 2015 com o foco em 2016, gosto de acompanhar reportagens e documentários sobre heróis olímpicos. Medalhistas ou não, me encantam atletas que no passado superaram grandes desafios só por conta do maior evento esportivo do planeta.
Tentarei contar um pouco da história de alguns atletas, sejam brasileiros ou não, mas que fizeram alguma olimpíada ganhar um brilho a mais. Meu atleta de hoje disputou a Olimpíada de Los Angeles em 1932. A competição foi realizada entre 30 de julho e 14 de agosto, com 1.332 atletas de 37 países, brigando por medalhas em 16 modalidades.
Dizem que a participação brasileira nestes jogos foram uma das piores, já que o país passava pela Guerra Civil da Revolução Constitucionalista de 1932. Muitos atletas ficaram de fora devido a falta de apoio do Comitê Olímpico Nacional. Os que conseguiram, viajaram até os Estados Unidos no cargueiro Itaquicê, junto a milhares de sacas de café. Muitos deles foram obrigados a vender café durante as paradas do navio para pagarem seus custos de viagem.
Mas no meio destes guerreiros estava o marinheiro e corredor Adalberto Cardoso que mais que sua força física, usou de muita garra para participar daqueles jogos. Quando o Itaquicê atracou em Los Angeles, cada passageiro tinha que pagar um dólar para descer do navio. Sem dinheiro no bolso, Adalberto não desembarcou na cidade.
Desceram apenas aqueles que tinham mais chances de medalha para o Brasil. Mas Adalberto queria participar daqueles jogos de Los Angeles a todo custo: saiu vendendo cafés até São Francisco. Não conseguiu atingir a cota exigida e então fugiu para realizar seu sonho: participar da disputa. Faltando 24h para a competição, percorreu os 600km entre as duas cidades pegando caronas e correndo pelas estradas. Conseguiu chegar à pista do estádio olímpico 10 minutos antes da disputa dos 10.000m. Só teve tempo de colocar o uniforme. Adalberto não quis perder a prova e correu descalço.
Quando corria, aos poucos o público tomava conhecimento de sua saga. Através do locutor, o herói ganhava fôlego e mesmo caindo por três vezes chegou até o final da prova em último lugar, sendo aplaudido de pé pelo estádio lotado. Saiu sem medalha mas com o apelido de “Homem de Ferro”, devido a sua garra e espírito olímpico. Faleceu aos 77 anos em 1972, sem grandes homenagens mas com uma história de amor ao esporte que merece ser contada para gerações e gerações…
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