Esportes

Centro olímpico que trouxe 1,2 mil medalhas de 290 atletas capixabas tem contrato encerrado pelo governo do ES

O Coes tinha como objetivo descobrir e formar novos atletas capixabas, além de treinar competidores de alto rendimento. Desde 2013, foram 1,2 mil medalhas em competições

A turma da ginástica rítmica que treinava no Centro Olímpico do Espírito Santo foi dispensada Foto: Divulgação/Ideias

É oficial: o Centro Olímpico do Espírito Santo (Coes) não existe mais. O governo do Espírito Santo cancelou o contrato com a organização que administrava o espaço. 54 profissionais estão sem emprego e 290 atletas capixabas, prejudicados.

Há quatro meses sem receber e sem saber o que fazer. Assim estão os treinadores do antigo Coes. Wilson Carvalho era técnico da equipe de ginástica artística. Sem verba, as atividades da modalidade foram encerradas no último dia 26. Esta semana veio o ponto final na esperança de ver a retomada do projeto. O contrato com o Instituto Ideias, que administrava o espaço, foi cancelado e o sonho, destruído.

Nós tivemos que manda para casa dez crianças, que trabalhamos com meninas da ginástica artística, tivemos que Dispensar um professor de São Paulo, que foi muito constrangedor porá gente, deixar um profissional bom ir embora por falta de pagamento. E agora não temos mais perspectivas”, afirma o treinador.

O Coes foi fundado em 2012 e tinha como objetivo descobrir e formar novos atletas capixabas, além de treinar competidores de alto rendimento. Nos últimos dois anos, foram 1,2 mil medalhas em competições nacionais e internacionais. Em janeiro de 2015 começaram os problemas.

A organização social de interesse público, chamada Ideias parou de fazer os pagamentos, alegando que não recebeu dinheiro da secretaria Estadual de Esporte (Sesport) e a secretaria diz que não repassou a verba porque há irregularidades no contrato.

Atletas e esportistas apoiados pelo Coes Foto: Divulgação

Com o rompimento do contrato, 290 atletas de várias modalidades foram prejudicados. Isso porque 54 profissionais, entre treinadores, fisiologistas, psicólogos e professores, foram dispensados. Há 400 dias do início dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, essa pode ter sido a maior derrota para o esporte capixaba.

Segundo o secretário Estadual de Esportes, Valdir Klug, entre os motivos para o rompimento do contrato estão falta de prestação de contas e funcionários contratados de maneira ilegal. Para Klug, o Coes nunca existiu.

“O Coes foi um nome de fantasia que eles inventaram, dado que o que foi criado aqui é o centro de treinamento que foi criado por lei. O centro está à disposição. Nós temos a ginástica rítmica, ginásio de lutas, o ginásio poliesportivo, que estão à disposição para treinamento”, diz Klug.

Em junho de 2015, a equipe da TV Vitória/Record já havia mostrado que as obras estavam paradas. Agora, não há qualquer perspectiva de serem retomadas já que uma nova licitação precisaria ser feita. O secretário reconheceu que a perda é grande para o Estado.

“Não estou negando, há um prejuízo para os atletas e para quem está treinamento. Mas eu sou um ordenador de despesas. Eu respondo por isso no Tribunal de Contas do Estado e o da União. Se eu cometer irregularidades, eu vou ter o Ministério Público Federal e Estadual ‘metendo’ a caneta. E eu não vou fazer isso”, completa o secretário.

Equipe de handebol treinava no Coes Foto: Divulgação

Quem trabalha em prol do esporte, agora não vê outra solução a não ser acionar a Justiça para não ficar no prejuízo.

“A Justiça trabalhista já bloqueou uma quantidade de recursos que por ventura venham do ministério do Esporte para o segmento, então isso prova que há uma responsabilidade da secretaria e não apenas da Oscip [Organização da Sociedade Civil de Interesse Público]”, diz o treinador Wilson Carvalho.

O Instituto de Desenvolvimento do Esporte e Ação Social (Ideias),  informou que não está conseguindo fazer um contato direto com a secretaria Estadual de Esportes para discutir os problemas do Coes. O Ideias também disse que ainda que não recebeu o documento oficial de que o contrato teria sido cancelado.

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