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Setembro deve ser o mês da recuperação da pandemia no ES, indica secretário

Segundo Nésio Fernandes, agosto será um mês decisivo para o governo do Estado avaliar a possibilidade de adotar novas medidas de flexibilização

Foto: TV Vitória

Menos cidades em risco alto, redução da prevalência do coronavírus nos municípios, maior porcentagem de assintomáticos. Os índices vêm mostrando que o Espírito Santo caminha para o melhor momento na luta contra a pandemia da covid-19. Por causa disso, o mês de agosto será decisivo para o governo do Estado avaliar a possibilidade de adotar novas medidas de flexibilização, frente à pandemia. 

O período será decisivo para medir as consequências da reabertura do comércio e dos parques e a ampliação dos horários de funcionamento dos restaurantes no estado. E é justamente por ser um período para avaliar cada passo rumo ao novo normal que agosto está sendo considerado pelas autoridades de saúde como um mês de transição.

"[Vamos avaliar] se essas liberações realizadas agora em julho terão algum reflexo no aumento dos casos, das internações e, se for necessário, vamos retomar então as restrições. Por isso o mês de agosto está sendo chamado de um mês de transição para nós da Secretaria de Saúde", destacou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, durante uma entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira (03).

"Iremos medir, ao longo do mês de agosto, qual é a repercussão no número de casos, de pacientes internados e de óbitos dessas flexibilizações, desse aumento da interação social estabelecido no final do mês de julho, e que agora será vivido no início do mês de agosto", frisou o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, também durante a coletiva.

Assim, se o número de casos confirmados e de óbitos continuar em desaceleração, mesmo com o relaxamento das medidas de isolamento, setembro será o mês da recuperação da pandemia no Espírito Santo. "É muito possível que, no mês de setembro, tenhamos, de maneira mais homogênea, uma situação de recuperação da pandemia no Espírito Santo", completou Nésio.

Mapa de risco

Se por um lado a Grande Vitória se mantém, por mais uma semana, no risco moderado para o coronavírus, segundo a matriz de risco do governo do Estado, agora é o noroeste capixaba que preocupa. Os municípios de Mucurici e Baixo Guandu, por exemplo, passaram a integrar o grupo de risco alto, no mapa divulgado pelo governo no último sábado (01).

"Nós precisamos, urgentemente, que a população colabore conosco. É um número muito grande de pessoas que não estão levando em consideração o distanciamento social, as normas específicas. Daí nós fomos para o risco alto e com novas restrições", afirmou a secretária de Saúde de Baixo Guandu, Terezinha Bolzani.

Ainda assim, no mapa de risco desta semana, o que se vê é o menor número de municípios em alto risco, desde o mês de maio. Ao todo, dez cidades capixabas estão nessa situação.

"Nós observamos que nesta semana temos menos municípios em risco alto, o que é um indicador bastante positivo. Nós temos dez municípios no risco alto. Com isso, a gente volta àquela quantidade de municípios em risco alto do mês de maio. A pandemia dá sinais de desaceleração. É uma desaceleração suave ainda, que precisa ser confirmada, obviamente, neste mês de agosto e ainda no mês de setembro", ressaltou o comandante do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, coronel Alexandre Cerqueira.

Inquérito sorológico

O resultado da segunda fase do inquérito sorológico do governo do Estado reafirma os cálculos da matriz de risco. Ao todo, foram testadas 7.831 pessoas, entre os dias 27 e 29 do mês passado. 

Entre as conclusões, está a redução da prevalência da doença na população. O estudo estimou estatisticamente que 262.016 capixabas tiveram contato com o novo coronavírus, o que corresponde a 6,52% da população. O número é menor do que o constatado na etapa anterior do inquérito, realizada entre os dias 22 e 24 de junho, que apontou que 386.193 pessoas já tiveram contato com o coronavírus no Espírito Santo — uma prevalência de 9,6%.

O que também chamou atenção na pesquisa foi o aumento de pacientes assintomáticos. Segundo os dados do inquérito sorológico, cerca de 47,6% das pessoas que tiveram contato com o coronavírus não apresentaram sintomas da covid-19.

Entre os não assintomáticos, 15,9% tiveram apenas um sintoma, 10,6% tiveram dois, 6,7% tiveram três e 19,2% tiveram quatro sintomas ou mais. Dos que testaram positivo para a doença, apenas 12% procuraram atendimento médico.

O principal sintoma relatado pelos que foram contaminados pelo coronavírus foi a anosmia, que é a diminuição ou perda absoluta do olfato, relatado por 25,3% da população pesquisada. Outros sintomas constatados foram: tosse, cansaço, dores musculares, falta de ar, dor de garganta, diarreia, febre, dor abdominal, taquicardia e vômitos.

O inquérito sorológico apontou ainda que a maior parte das pessoas que tiveram covid-19 no Espírito Santo é composta por mulheres. Pretos e pardos também foram maioria entre os infectados, de acordo com o estudo.

Outra constatação da pesquisa foi que pessoas que utilizam o transporte público com mais frequência estão mais sujeitas a serem infectadas pela doença. Isso porque a maior parte dos que tiveram contato com o coronavírus afirmaram utilizar o transporte coletivo três a quatro vezes ou mais durante a semana. O tempo médio dessas pessoas no transporte público é acima de 30 minutos e, especialmente, acima de 60 minutos.

O estudo constatou também que a maioria dos infectados sai de casa todos os dias, não faz uso adequado de máscaras e não faz a higienização adequada de pacotes e mercadorias. Por isso, as recomendações dos especialistas continuam sendo as mesmas do início da pandemia.

"A gente vai poder voltar a fazer as nossas atividades, só que vamos precisar continuar usando a máscara o tempo todo, higienizando muito bem as mãos e evitando ficar muito perto das outras pessoas, principalmente no momento em que estivermos sem a máscara, como, por exemplo, num restaurante, para fazer uma refeição. Nesse momento, o que é mais importante é a gente lembrar que só devemos sair de casa se for necessário. A gente ainda tem a doença circulando. Não tem como descobrir quem está doente, exceto aquelas pessoas que já foram notificadas", destacou a médica infectologista Rúbia Miossi.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV

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