Samarco admite pela primeira vez risco de novos desabamentos de barragens em Mariana
Anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira. Segundo representantes da mineradora, Santarém será restaurada em 90 dias e Germano em 45
Representantes da mineradora Samarco - responsável pela barragem de Fundão, que se rompeu na cidade mineira de Mariana - admitiram, pela primeira vez, que suas outras duas represas na região - de Santarém e Germano - também correm o risco de desabar. O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (17).
Segundo os representantes da mineradora, a barragem de Santarém vai ser restaurada dentro de um prazo de 90 dias. Já a parede danificada na barragem de Germano será reparada em 45 dias. De acordo com técnicos da empresa, a prioridade é consertar a erosão na barragem de Germano, que é a maior das três.
Os técnicos explicaram que existe um índice que classifica a força da estabilidade de barragens, onde a pontuação mínima é 1,55. Segundo eles, as duas estruturas estão abaixo desse número: Santarém foi classificada com 1,22 e Germano com 1,37.
A empresa garantiu ainda que "não está poupando recursos" para investigar as causas do rompimento e que trabalha incessantemente para reforçar a segurança das estruturas. De acordo com a mineradora, as barragens de Santarém e Germano estão sendo monitoradas, diariamente, por meio de radares e drones.
Rompimento
As duas estruturas foram danificadas após o rompimento da barragem Fundão, ocorrido no último dia 5 no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, região central de Minas Gerais. A informação inicial era de que, na ocasião, a barragem Santarém também havia se rompido. Entretanto, dez dias após a tragédia, a Samarco divulgou em nota que a estrutura foi danificada, mas continua em pé.
Segundo a empresa, dos 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos liberados na tragédia, 40 milhões desceram, erodindo Santarém. O engenheiro civil geotécnico da Samarco, José Bernardo Vasconcelos, admitiu que a chuva forte que cai sobre Mariana nesta terça-feira é prejudicial, pois pode aumentar a erosão na estrutura.
Desastre
O rompimento da barragem de Fundão provocou mortes e destruição na região de Mariana - até o momento foram confirmados 11 mortos e 12 pessoas continuam desaparecidas -, além de um enorme desastre ambiental em Minas Gerais e no Espírito Santo. Uma das consequências da tragédia foi a poluição do Rio Doce, por meio de uma lama com rejeitos de mineração da empresa.
A lama se desloca pela calha do rio até desaguar no mar, causando a morte de grande parte da fauna e flora das regiões por onde passa. Na segunda-feira (16), uma parte menos concentrada dessa lama chegou ao município de Baixo Guandu, no noroeste do Espírito Santo, deixando o leito do Rio Doce com uma coloração mais barrenta e forçando a suspensão da captação da água no local. A previsão é que, no Espírito Santo, a lama passe ainda por Colatina e Linhares.
Desculpas
Durante a coletiva desta terça-feira, o diretor de Operações e Infraestrutura da Samarco, Kleber Terra, afirmou que "não é o caso de pedir desculpas à população" e que "ainda não é hora de discutir os efeitos de médio e longo prazo" do rompimento da barragem de Fundão.
"Estamos muito solidários e sofridos com tudo o que aconteceu. Operamos com técnicas de monitoramento de barragens que são referência, portanto, não podemos dizer que a tragédia poderia ter sido evitada", disse Terra.
Com informações do Portal R7 e do Estadão Conteúdo