Após restauração, Catedral de Vitória recebe concerto sinfônico nesta sexta-feira
Os eventos prometem emocionar os capixabas e turistas, que vão apreciar o melhor da música clássica sob a benção de Nossa Senhora da Vitória, a partir desta sexta-feira
A Catedral Metropolitana de Vitória, que acaba de ser reaberta ao público, dará início, a partir desta sexta-feira (11), a uma série de concertos musicais, além de promover um evento especial em referência à Celebração Eucarística do Jubileu da Misericórdia.
O primeiro evento sinfônico acontece às 20 horas, com a apresentação da Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo. Já no dia 13, às 20 horas, acontece abertura da Porta Santa com Celebração Eucarística do Jubileu da Misericórdia.
Também está programado para os dias 18 e 19, às 20h, o Natal Petrobras, com a apresentação das Orquestras Baccarelli e David Machado. Os eventos prometem emocionar os capixabas e turistas, que vão apreciar o melhor da música clássica sob a benção de Nossa Senhora da Vitória, que após o fim das obras de restauro, foi introduzida no novo Altar.
Confira a programação:
11 de Dezembro, às 20h – apresentação da Orquestra Sinfônica do Estado do Espirito Santo.
13 de Dezembro, às 10h – abertura da Porta Santa com Celebração Eucarística do Jubileu da Misericórdia.
18 de Dezembro, às 20h – apresentação da Orquestra Sinfônica Heliópolis Baccarelli – Natal Petrobras
19 de Dezembro, às 20h – apresentação da Orquestra David Machado - Natal Petrobras
Restauração
Considerada um dos monumentos mais importantes do Brasil e de extrema relevância histórica, cultural e religiosa para o Espírito Santo, a Catedral Metropolitana de Vitória foi reaberta com missa e consagração do novo altar, celebrada por Dom Luiz Mancilha Vilela. O projeto e a execução dos trabalhos de restauração foram coordenados pelo Instituto Modus Vivendi, tendo as empresas Petrobras, Vale e Banestes como patrocinadoras culturais. Os apoiadores foram Governo do Estado do Espírito Santo, Instituto Sincades, Cisa Trading, Mafrical, Banestes Seguros e Banescor.
Além de valorizar características originais do prédio, o restauro agregou conceitos contemporâneos como sustentabilidade, eficiência energética e novas intervenções.Como acontece nos projetos de restauro de importantes monumentos religiosos, o trabalho desenvolvido na Catedral de Vitória atendeu às exigências da adequação litúrgica do edifício sagrado, em vista do espírito e das normas da reforma litúrgica suscitada e promovida pelo Concílio Vaticano II. Todos os elementos na parte interna da Igreja e nas fachadas foram recuperados, valorizados e permanecem como conjunto iconográfico, cujo simbolismo convidam o público a admirar e a refletir sobre os mistérios da fé.
As obras, iniciadas em 2011, incluíram recuperação de áreas degradadas da Igreja, com destaque para a renovação do telhado e calhas. Em 2013, foram executados a confecção e o retorno dos vitrais do Altar, assim como a limpeza e automatização dos sinos. Em 2014, iniciou-se a grande obra de restauro contemplando o resgate histórico dos tons originais do prédio, novas instalações elétricas, implantação de novo sistema de iluminação, restauração de todas as portas, douramento das cruzes dos escudos e de adornos da Igreja, restauro e pintura na cor original do portal que abriga os vitrais dos Arcanjos, restauro dos bancos existentes e introdução de novos bancos no presbitério, pintura das molduras das folhas de acanto, sonorização, repaginação do presbitério, restauro da cátedra do bispo, restauro do piso, climatização do altar, abertura da cripta para visitação e celebrações. Também foram criados novos espaços como a Sala do Batismo e da Reconciliação, com construção da nova pia batismal e piso com detalhamento artístico em mosaico. Foi criado, ainda, o novo Altar para abrigar a imagem de Nossa Senhora da Vitória.
Para comemorar a conclusão das obras, uma série de atividades religiosas e festivas foi agendada. Além da missa de consagração do novo Altar, também haverá concertos sinfônicos e, no dia 13 de dezembro, está prevista a abertura da Porta Santa em função do Jubileu da Misericórdia, conclamado pelo Papa Francisco, que concedeu aos bispos do mundo inteiro o direito de considerar as catedrais e outras igrejas que julgarem convenientes, como lugares de misericórdia.
>> Destaques do restauro:
Altar da Consagração
O projeto criado para o Altar da Consagração, local para onde se dirige a atenção dos fiéis, valorizou e destacou a sua centralidade. Construído em pedra maciça e rústica (granito do Norte do Espírito Santo), ele tem acabamento escovado, valorizando sua textura e coloração natural. Traz, ainda, uma base em forma de cruz, que se abre como uma flor para compor o tampo com metragem de 2,50 x 2,15 m, evocando as linhas curvas ogivais do gótico. A deposição das relíquias sob o altar segue as orientações dos documentos da igreja.
Também foi evidenciado o ambão (mesa da Palavra). Em pedra maciça com forma destacada por quatro peças unidas, recordando a unicidade do Evangelho em quatro livros, ele está disposto de forma elevada e nobre. Ainda nesse espaço, encontra-se disposto o mobiliário em madeira, destinado aos presbíteros. Foram recuperados a cátedra e os bancos existentes, além da marcação das novas peças com linhas que evocam o gótico e, ao mesmo tempo, traduzem o tempo presente, em harmonia com as peças de pedra e do ambão.
No centro do retábulo, ao fundo do altar, onde já existiam quatro mosaicos representando Davi e Jessé à esquerda e Isaías e Salomão à direita, foi instalada uma nova peça em madeira maciça para receber a imagem de Nossa Senhora da Vitória, utilizando o mesmo conceito das demais. O brasão episcopal, antes pintado entre os quatro personagens, foi assentado ao centro, também em mosaico. O autor do brasão é o artista sacro Sérgio Ceron. As mudanças permitiram unir e valorizar ainda mais todos os elementos em um único conjunto, em harmonia com os novos vitrais.
Sala do Batismo Reconciliação e Presbitério
Na mesma dinâmica de redefinição do presbitério está a recuperação dos espaços antes usados como brechós e farmácia. Eles foram transformados em salas destinadas às celebrações dos ritos do Batismo e da Reconciliação, compondo um acréscimo lateral da Igreja. Estes espaços continham vitrais que confirmam seu uso para essas funções. Também foi recuperada a centralidade da fonte batismal na Capela do Batismo, a partir da sua forma arquitetônica. A fonte batismal, de pedra maciça, acompanha o conceito do altar. Dela brota, como de uma fonte, água corrente, tornando-se sinal mais expressivo deste sacramento.
Ainda na Capela do Batismo, a iconografia contempla a preservação dos vitrais existentes e insere arte em mosaico no pavimento, cujas linhas remetem às águas do batismo. Nele, o detalhe de oito peixes recorda a nova criação, a aliança definitiva e sua universalidade conquistadas pelo sangue do Cordeiro. As obras incluíram, ainda, a construção do lugar destinado aos Santos Óleos. O espaço da Reconciliação vai permitir o atendimento pessoal de dois fiéis por vez, com acessibilidade para um dos confessionários.
Iluminação
A Catedral de Vitória recebeu um sistema de iluminação interna e monumental, com base em tecnologia de LED (Luz Emitida por Diodo), valorizando os elementos arquitetônicos, sua volumetria e a bela verticalidade. Destaque para a instalação de barras de LED na base dos vitrais, fazendo com que os objetos ganhem iluminação especial e sejam vistos por fora durante a noite, compondo o cenário noturno do monumento. Com a maioria dos equipamentos de iluminação de primeira linha, o novo sistema de iluminação assegura maior vida útil das lâmpadas e ótimos resultados na valorização do monumento, com eficiência energética.
A luz interior, valorizando a verticalidade da Igreja, foi posicionada nos capitéis e direcionada para as abóbadas superiores, destacando e produzindo uma luz indireta e suave. Foram restaurados os lustres existentes e introduzida a iluminação em LED. Já a luz no exterior valoriza a volumetria. O projeto contemplou instalação de postes para suportarem os refletores em LED, posicionados para demarcar suavemente os panos das fachadas. A quantidade de luz foi programada de forma a não ofuscar a luz dos vitrais e demais aberturas iluminadas por dentro. Visando valorizar a verticalidade, foram posicionados refletores de piso, com luzes direcionadas para cima. Da mesma forma, acima dos beirais e por dentro das aberturas, foram instalados equipamentos para demarcar estes volumes.
A luz dinâmica, além de valorizar, demonstra que o monumento possui vida. Garante, também, maior eficiência energética e minimiza a manutenção. Os equipamentos podem ser desligados em horários de baixo público, programando-se apenas a luz de segurança. A divisão dos circuitos da alimentação elétrica vai permitir controle e automação de praticamente toda a nova iluminação da Catedral Metropolitana de Vitória.
Pintura Interna
A pintura interna, com base nos estudos realizados, além de recuperar a história, valorizou os vitrais existentes e, também, a unidade com os novos vitrais, instalados em setembro de 2013. Seguindo o projeto de restauro, realizado pela Augural Arquitetura e as prospecções estratigráficas realizadas pela Rachel Diniz (Ufes), e com base nas fotos históricas de 1936, foi determinada pelo professor doutor Nelson Porto (UFES) a volta histórica da cores originais da época. Este é o espírito que foi reconstruído o fundo das paredes em tom claro e as nervuras estruturais, assim como as bordaduras de janelas e portas em tom escuro.
Além de clarear a Catedral de Vitória, deu nobreza com a marcação escura dos elementos decorativos, criando um ambiente mais acolhedor e propício à oração pessoal e comunitária.
Sonorização
A Catedral recebeu uma sonorização de primeiro mundo, com equipamentos de altíssima qualidade, permitindo ao Templo receber grandes concertos nacionais e internacionais.
Douramento das Cruzes dos escudos e da Cruz do Altar
As cruzes que fazem parte da decoração da Catedral desde a sua concepção inicial, presente nos escudos no roda meio, receberam um douramento com folha de ouro. A cor dourada foi descoberta por meio de estudos de prospecção estratigráficas (foto da raspagem para chegar à cor original) e depois confirmada em fotos antigas da Catedral.
Retorno dos vitrais para o altar
A recuperação dos vitrais do fundo do presbitério, instalados em 2013, traz uma linguagem contemporânea e cores próprias do estilo gótico, simbolicamente “utilizando o calor do vermelho e o frescor do azul, e que respiram com o mesmo ritmo do sol”, conforme escreve JohannesItten, em Arte del Colore. Os vitrais são uma nova obra de arte integrada à arquitetura da Igreja, com elementos datados, porém contemporâneos, enaltecendo ainda mais o altar em suas celebrações. Destaque especial para a inserção da imagem de Cristo, numa clara referência a Jesus como o Senhor da Igreja.
A instalação dos vitrais da Catedral não foi uma obra de restauro, pois não é uma réplica do modelo original existente na mesma parede na década de 70, quando foram retirados e reinstalados em outros pontos do monumento. A concepção do projeto foi desenvolvida por Dom Ruberval Monteiro da Silva, da ordem de São Bento, artista autodidata, com formação em Teologia, mestrado em iconografia oriental e ocidental pelo Pontifício Instituto Oriental, em Roma, na Itália.
Sinos automatizados
Desde 2013, a Catedral Metropolitana de Vitória conta com sinos automatizados. O trabalho foi realizado em São Paulo, pelo neto do responsável por sua fabricação na época, e permite a preservação da tradição por intermédio da tecnologia. Os sinos possuem dez toques diferentes para diversas cerimônias, como casamentos, missas, eventos fúnebres e demais celebrações da igreja.