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Motoristas da Uber fazem carreata em Vitória em protesto contra desaparecimento de colega

Segundo os manifestantes, cerca de 150 motoristas saíram da frente de um hotel, na orla de Camburi, e seguiram em direção ao Centro da capital

Motoristas da Uber seguiram em carreata, em direção ao Centro de Vitória Foto: Leitor | WhatsApp Folha Vitória

Motoristas da Uber realizaram uma carreata pelas ruas de Vitória, na tarde desta quarta-feira (28), em protesto contra o desaparecimento de um colega de trabalho, ocorrido na madrugada. Samuel Pinto Coelho, de 33 anos, foi atender uma corrida, por volta das 0h30, e não deu mais notícia à família. A Polícia Civil investiga o caso.

Segundo os manifestantes, cerca de 150 motoristas participaram do ato. O grupo se concentrou em frente a um hotel, na Avenida Dante Michelini, na orla de Camburi. Por volta das 15h40, eles saíram em carreata, na direção do Centro de Vitória, trafegando em baixa velocidade e ocupando parte da pista.

Grupo se concentrou em frente a um hotel na Avenida Dante Michelini, na tarde desta quarta-feira Foto: Leitor | WhatsApp Folha Vitória

De acordo com o motorista Rogério Barbosa, o grupo seguiu até a Vila Rubim, onde se dispersou, por volta das 16h40. O videomonitoramento da Guarda de Vitória informou que, durante o protesto, o trânsito ficou lento no Centro de Vitória, principalmente na Avenida Jerônimo Monteiro, e o congestionamento se estendeu até depois da Curva do Saldanha.

O motorista Paulo Sérgio dos Santos ressaltou que o protesto serviu também para os profissionais exporem o sentimento de insegurança que têm durante a jornada de trabalho. "Todos os motoristas estão indignados, apreensivos e morrendo de medo, porque não sabem como vão trabalhar de agora para frente. Há um perigo muito grande e a gente não sabe como vamos reagir, até mesmo sem saber notícia desse parceiro, que está sumido", frisou.

A Uber passou a funcionar em Vitória em setembro deste ano. Inicialmente, o pagamento pelas viagens era feito de forma antecipada, através do cartão de crédito, mas, em outubro, o serviço passou a aceitar também o pagamento em dinheiro. Segundo os motoristas, a mudança tornou as corridas mais perigosas, já que somente depois do embarque eles tomam conhecimento do destino do passageiro.

"Motorista Uber não anda com muito dinheiro. Assim que ele faz um dinheirinho um pouquinho melhor, ele para no primeiro posto e abastece, até mesmo para a própria segurança dele. Mas agora ele virou alvo dos bandidos", lamentou Paulo Sérgio.

Desempregado desde março, o motorista encontrou na Uber uma oportunidade para voltar ao mercado. Em apenas três meses de serviço, ele confessa que vai para as ruas com medo e, diante de mais um caso de violência, agora pensa em abandonar o volante.

"Se eu tivesse uma oportunidade de sair agora, eu já estaria saindo. Não saio porque não tenho como sair, porque a falta de emprego está muito grande, então eu estou na Uber. Mas trabalhar na Uber não tem segurança nenhuma mesmo", reclamou.

Desaparecimento

Samuel não dá notícias à família desde a madrugada desta quarta-feira Foto: Reprodução

Após o desaparecimento de Samuel, a esposa dele esteve na delegacia e registrou um boletim de ocorrência. Segundo ela, o marido saiu de Vila Velha, onde mora, para fazer uma corrida de Jardim da Penha até Santo Antônio, em Vitória.

No entanto, segundo informações do próprio aplicativo, a corrida teria durado apenas oito minutos, sendo encerrada no momento em que o veículo estava na altura de um posto de combustíveis na Avenida Fernando Ferrari. Desde então, Samuel não teria mais dado notícias.

Segundo um cunhado de Samuel, a última vez que ele manteve contato com a família foi em uma conversa telefônica com a esposa. Ele é morador do bairro Parque das Gaivotas, em Vila Velha, onde vive com a esposa e dois filhos. Ainda de acordo com o cunhado, Samuel trabalha para a Uber há cerca de dois meses.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a ocorrência foi registrada na manhã desta quarta-feira e que a Delegacia de Pessoas Desaparecidas está realizando diligências e investigando o caso. Por enquanto, segundo a PC, demais informações não serão divulgadas para não atrapalhar o trabalho da polícia.

A reportagem também entrou em contato com a Uber, mas, até a noite desta quarta-feira, ainda não havia obtido retorno.

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