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Com dívidas superior a R$ 100 milhões, hospitais de Cachoeiro vão recorrer ao Governo Federal

A situação da crise financeira das instituições filantrópicas do município foi debatida durante uma audiência pública sobre saúde, na Câmara de Vereadores

A crise financeiras dos hospitais de Cachoeiro foi debatida durante uma audiência pública para discutir sobre a saúde no município Foto: ​Divulgação/CMCI

Na última quinta-feira (22), os diretores e representantes dos hospitais filantrópicos de Cachoeiro, estiveram reunidos em uma audiência pública para discutir a situação da saúde do município e encontrar uma solução para a grave crise financeira da Santa Casa de Misericórdia, Hospital Evangélico e Hospital Infantil Francisco de Assis, que juntos, acumulam uma dívida de mais de R$ 100 milhões.

O diretor do Hospital Evangélico, Wagner Medeiros Júnior, explicou que as tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS), pagam valores irreais para os procedimentos médicos e o que o hospital teve que fazer empréstimos bancários, situação inédita, e ainda parcelar dívidas com estado, somando cerca de R$ 30 milhões em dívidas. 

“Até 2015 nossas contas fechavam. Mas, em 2016, nossas despesas aumentaram devido ao aumento da procura de atendimento pelo SUS”, conta. Ele acrescenta ainda que no ano de 2011, cerca de 73% dos atendimentos eram feitos pelo SUS, e em 2012, o número chegou a 75%. Nos anos de 2013, 2014, 2015 foi mantido o índice de 78%. Em 2016, subiu para 80%, crescimento acompanhado de queda de 5% nos atendimentos conveniados e particulares. 

Hoje, o hospital tem um déficit mensal de R$ 490 mil devido às diferenças nas tabelas do SUS e o custo real dos procedimento. Os setores que atendem maternidade, cirurgias de coração, UTI1s, entre outros, acumulam déficit aproximado de R$ 1,3 milhões ao mês. 

Crise

A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro também enfrenta graves problemas financeiros. O representante da instituição, José Onofre Lopes, explica que o hospital deve mais de R$ 50 milhões e tem gastos altíssimos com pacientes acidentados que chegam diariamente, além do problema da defasagem da tabela paga pelo SUS. O hospital tem um déficit mensal oscilando entre R$ 450 mil a R$ 500 mil mensais.

O superintendente do Hospital Infantil Francisco de Assis, Jailton Pedroso, lembra que retirada dos recursos do estacionamento rotativo, cerca de R$ 1 milhão anuais, prejudicou muito o hospital e ainda causou a demissão de 65 pessoas. “Estes recursos ajudavam a manter o atendimento de qualidade às crianças. O número de pacientes vem aumentando, e o máximo que conseguimos fazer é trabalhar evitando desperdícios”, completa. 

O presidente da Câmara de Cachoeiro, Alexandre Bastos (PSB), disse esperar providências. “Esperamos que o Governo do Estado, que tem dinheiro em caixa, libere recursos para os hospitais de Cachoeiro, que agonizam, como por exemplo, a Santa Casa”, ressalta.

O deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) participou da audiência e explicou que os recursos que estão sendo economizados na Assembleia Legislativa. “Cerca de R$ 25 milhões já foram devolvidos ao Governo do Estado e destinados à área da saúde”, comenta.

Ao fim da audiência, foram apresentadas algumas propostas pelo vereador Delandi Macedo (PSC), como: a formação de uma comissão de vereadores e deputados para cobrar do Ministério da Saúde a revisão das tabelas do SUS; o encaminhamento de pedido de moratória das dívidas dos hospitais filantrópicos; e a solicitação de mutirão para resolver o problema da demanda reprimida por atendimento no estado, pois o atraso no tratamento só aumenta os custos do tratamento.

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