Sete cidades do ES não registraram homicídios em 2021
Painel de Homicídios da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) aponta que não ocorreu nenhum assassinato de janeiro a dezembro em cidades das regiões Norte, Serrana e Sul
Dos 78 municípios do Espírito Santo, sete não registraram homicídios nos dez primeiros meses de 2021. Segundo o Painel de Homicídios da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), de janeiro a outubro deste ano, as cidades de Bom Jesus do Norte, Iconha, Ibiraçu, Itarana, Muniz Freire, Laranja da Terra e Ponto Belo aparecem com índice zero de assassinatos, na categoria de crimes dolosos (quando há intenção de matar).
Dentre os locais pacatos, dois estão na Região Sul (Iconha e Bom Jesus do Norte), um na Região Noroeste (Ponto Belo), três na Região Serrana (Muniz Freire, Itarana e Laranja da Terra) e um na Região Norte (Ibiraçu). Com exceção de Ibiruçu e Iconha, todas as demais têm menos de 10 mil habitantes.
Fazendo a comparação com o ano anterior, algumas cidades apresentaram redução do número de crimes. Foram os casos de Iconha e de Ibiraçu que, de janeiro a outubro de 2020, registraram, cada uma, três homicídios e, neste ano, nenhum. Mesmo cenário de diminuição em Muniz Freire e Laranja da Terra, que foram de um assassinato em 2020 e, até o momento neste ano, nenhum crime doloso.
Grande Vitória
O município da Serra, na região da Grande Vitória, lidera o ranking de assassinatos, de janeiro a outubro de 2021, com 117 assassinatos. Seguida de perto por Cariacica e Vila Velha, que possuem 116 e 115 mortes, respectivamente.
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O relatório leva em conta o número absoluto de homicídios e não faz relação com o tamanho da população dos municípios. Juntos, os seis municípios sem registros de assassinatos somam cerca de 83.316 habitantes, o que representa pouco mais de 2% da população capixaba, que é de 4.108.508 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Maior vínculo entre moradores e pouco anonimato explicam índices baixos de homicídio, aponta especialista
O professor do mestrado de Segurança Pública da Universidade Vila Velha (UVV) e ex-secretário de Estado de Segurança Pública, Henrique Herkenhoff, destacou que apenas ter uma pequena quantidade de moradores não explica a baixa freq¨üência de homicídios nas cidades do interior apontadas no painel.
Há mais fatores envolvidos. "Há uma condição que muito contribui para baixos índices de violência: são cidades de ocupação antiga, onde a grande maioria das pessoas nasceu, cresceu, vive lá e se conhece. Bem diferente de uma grande metrópole ou de uma região que registrou um crescimento rápido", comparou.
Esse vínculo entre as pessoas é acompanhado de uma vigilância social feita pela comunidade. "É aquele pensamento de que todo mundo vai saber o que você fizer de errado. Diferente da sensação de uma cidade grande, onde há uma maior ideia de anonimato", explicou.
Herkenhoff diz que esse contexto de pertencimento ao lugar em que nasceu e um maior vínculo entre os moradores são fatores capazes de inibir crimes. "Numa cidade onde todo mundo conhece todo mundo ou tem relações próximas, fica menor a probabilidade de se cometer homicídios", disse.
"Geralmente, quando há homicídios nesses lugares são casos isolados de crimes passionais", complementou.
