Polícia

Jovem baleado durante ação policial em baile funk diz que vai processar o Estado

No momento da operação da Polícia Civil, o vendedor estava com o irmão na boate; O rapaz foi socorrido e teve que passar por uma cirurgia no braço

O jovem teve alta do hospital, mas está sem trabalhar Foto: TV Vitória

Já está em casa o vendedor de 23 anos que diz ter sido baleado no braço durante a operação da Polícia Civil em uma boate de Vila Velha, na madrugada da última sexta-feira (17).

O jovem ficou internado até o último domingo (19), após passar por uma cirurgia. Ele conta que após disparar, o policial chegou a pedir desculpas. “A gente foi no banheiro e do nada, começou a ouvir barulhos de bomba, estouros e uma correria. Nisso, vários policiais vieram para cima da gente e ordenaram que a gente deitasse no chão. Um deles veio para cima de mim e me mandou deitar. Eu disse para ele esperar um minutinho e quando eu estava abaixando, quando estava com o braço já encostado no chão, senti o tiro. O policial me socorreu, porque ele viu que tinha feito a besteira. Ele pediu que a gente saísse do local. Depois, ele veio tentar consertar a besteira e disse que não tinha sido culpa dele, que alguém tinha ido para cima dele e a arma disparou sem querer”, relata.

A mãe do vendedor e do outro jovem, de 28 anos, relata que se assustou ao receber a notícia de que o filho mais novo havia sido baleado. “O telefone tocou e era um colega deles, falando que tinha acontecido alguma coisa com os meninos. Eu perguntei e ele disse que tinha visto meu filho com o braço ensanguentado. É complicado, muito complicado. Nunca aconteceu uma situação dessas. E se meu filho morre, já pensou o desespero? Eu estava em casa e receberia essa ligação, é desesperador”, conta.

A operação levou mais de 60 policiais à boate. Eles revistaram os frequentadores, prenderam suspeitos de crimes e apreenderam armas, que eram mantidas, em carros, do lado de fora. A ofensiva policial foi montada com base nas denúncias de que a casa noturna seria frequentada por criminosos. 

Sem passagem pela Justiça, o vendedor reforça que tem a intenção de processar o Estado. “Eu não consigo trabalhar, estou sentindo muitas dores no braço. Meu irmão também não pode ir trabalhar porque tem que ficar comigo. Está complicado para a nossa família. Estou pensando em ir à Justiça para correr atrás dos meus direitos. Não discordo da ação da polícia em procurar bandidos, só que houve excesso da parte deles porque nem todo mundo que estava lá era bandido. Eles atiraram em pessoas inocentes”, disse.

Em coletiva realizada na última sexta-feira (17), a polícia informou que uma pessoa teria tentado puxar a arma de um policial durante a operação. A arma acabou disparando acidentalmente e atingindo uma terceira pessoa.

O tênis do irmão da vítima ficou com marcas de sangue Foto: TV Vitória

Entenda o caso

O vendedor teria sido baleado por policiais durante a operação da Polícia Civil em um baile funk de Vila Velha, na madrugada de sexta-feira (17). O jovem e o irmão estavam dentro da boate, na Orla de Itaparica, onde 60 policiais civis realizaram a ação para localizar suspeitos de homicídios. 

Segundo o irmão da vítima, durante as abordagens, um dos policiais acabou atingindo o braço do vendedor com um tiro. “Pediram para a gente abaixar, o meu irmão e pediu que eu abaixasse. Eu pedi calma ao policial e disse que iria abaixar. Nisso, acho que o policial estava com pressa, efetuou o disparo que eu ainda não entendi até agora. Achei que fosse um disparo de advertência, mas ele não viu direção e atingiu o braço do meu irmão. Fiquei com medo de perder ele o tempo todo. Se ele estivesse com o braço colado ao corpo, o tiro poderia ter o matado”, relata.
 
O vendedor foi socorrido em uma viatura do Corpo de Bombeiros, que estava em frente à boate. O rapaz foi levado para o hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, onde teve que passar por uma cirurgia. “Disseram que ele teve muita sorte porque o tiro não atingiu o osso, só pegou o braço mesmo. Depois, viram que acabou pegando uma artéria. Ele vai ter que passar por uma cirurgia”, afirma.

Para o irmão da vítima, os policiais agiram com excesso. Ele conta que assim como o irmão, não têm passagem pela Justiça e que após o ocorrido, a família pretende processar o Estado. “Pretendemos acionar a Justiça porque achamos que houve excesso por parte dos policiais. Foi uma irresponsabilidade, pretendemos sim acionar a Justiça, vamos entrar com uma ação contra o Estado”, conclui.  

Foto: TV Vitória

A operação

A operação da Polícia Civil que deixou o jovem baleado no braço em um baile funk do bairro Itaparica, em Vila velha, na madrugada desta sexta-feira (17), resultou em 25 detenções. Alguns dos detidos estavam com mandado de prisão em aberto, outras, serão autuadas em flagrante.

Além dos 25 detidos, a polícia apreendeu nove veículos, dois destes com restrição de furto, além de armas de fogo ponto 40, nove milímetros, munições e drogas. As informações são da Polícia Civil. "Nós recebemos várias informações de que existia naquela boate, várias situações de crime, inclusive a posso e porte de substância entorpecente, armas de fogo e foragidos da Justiça", afirma o delegado-chefe da Polícia Civil, Joel Lyrio.

A ação foi realizada por 60 policiais da Delegacia de Crimes Contra a Vida de Vila Velha (DCCV), de Cariacica e também do Grupo de Operações Táticas (GOT), com o apoio de 30 homens da Guarda Municipal de Vila Velha.

Para a operação, agentes da Guarda Municipal interditaram as ruas ao redor do estabelecimento. Segundo os proprietários da boate, aproximadamente mil pessoas estavam no local e todas foram revistadas.

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