Polícia

Caso Alexandre Martins: júri ouve defesa e acusação para chegar à sentença

Após a primeira fase de debates, o MPES pediu réplica e apresenta seus argumentos. Na sequência as defesas fazem a tréplica. Só após isso que os jurados se reúnem e chegam a um veredicto

Julgamento, realizado no cineteatro da UVV, poderá ter fim no início da madrugada desta segunda-feira (31) Foto: Divulgação

No sétimo e último dia do júri popular de dois dos três acusados pelo Ministério Público Estadual (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto em março de 2003, acontece a fase dos debates, quando acusação e defesa apresentam para os jurados os motivos que podem levar os réus a condenação ou a absolvição.

O julgamento, que teve início na última segunda-feira (24), acontece no Cineteatro da Universidade Vila Velha (UVV). Durante todo este domingo (30), acusação e defesa se revezaram na articulação dos elementos considerados pelas partes como primordiais no processo. Por um pedido da defesa do réu Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, o tempo de sustentação oral das partes foi acrescido em 30 minutos. Assim, a defesa de Calu e os advogados do coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira tiveram três horas para apresentar seus argumentos. Período igual foi concedido ao MPES.

O órgão ministerial abriu essa fase do julgamento e falou por mais de duas horas e meia. Em sua sustentação inicial, o promotor João Grimaldi disse não ser objetivo do MPES se vingar ou atender ao apelo popular e se ateve a desconstruir os depoimentos apresentados pelas testemunhas de defesa.

Um dos pontos atacados pelo MPES foi um áudio usado pela defesa de Calu. Na peça em questão, o promotor Florêncio Herzog, que atuou na fase inicial do processo, conversa com a mãe do réu e diz acreditar na tese de latrocínio. Contudo, para o órgão ministerial, opinião pessoal não pode ser usada como prova. Também mereceu destaque a desistência do advogado Antônio Franklin Cunha de atuar como assistente de acusação.

Para os promotores, a desistência do advogado se deu pela amizade do mesmo com o juiz Antônio Leopoldo, também acusado pelo MPES de ser mandante do crime. Grimaldi sustentou que Antônio Franklin desistiu do processo e enviou uma carta aos desembargadores com seus motivos no mesmo dia em que o inquérito contra Leopoldo foi aberto.

Logo após o MPES, o juiz que preside o júri popular, Marcelo Soares Cunha, decretou uma hora de intervalo. Na volta aos trabalhos a defesa do coronel Ferreira fez uso da palavra por uma hora e trinta minutos. Seu advogado defendeu a tese de latrocínio para provar a inocência de seu cliente, uma vez que sem o intermediário não há mandante. Outro ponto explorado pela defesa foi o horário que o juiz frenquentava a academia. O advogado de Ferreira usou o depoimento da então personal trainer do juiz, onde ela disse que o magistrado treinava no período noturno.

Já a defesa de Cláudio Andrade Baptista sustentou que a morte de Alexandre Martins foi usada como elemento político. Os advogados do ex-policial civil também exploraram a suposta fragilidade das provas, a condução do processo e a utilização de testemunhas como o juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos, que era ligado à vítima.

Os advogados de Calu foram enfáticos ao negarem a ligação entre seu cliente e os envolvidos no crime. Foi destacado que à época do crime o empresário estava preso e, assim, teria dificuldades em arquitetar o crime com o coronel Ferreira e os executores.

Réplica e Tréplica

Após a primeira fase de debates, o MPES pediu réplica e apresenta seus argumentos aos jurados por mais duas horas. Na sequência as defesas fazem a tréplica. Os advogados de cada réu terão mais uma hora cada. Só após encerrada esta fase que os jurados se reúnem e chegam a um veredicto. A expectativa é que a sentença seja prolatada até a meia-noite.

Pontos moeda