Polícia

Empresário é preso acusado de tentar subornar secretário de Justiça

Acusado teria oferecido dinheiro a Eugênio Ricas para vencer uma licitação. O próprio secretário, que também é delegado da Polícia Federal, foi quem deu voz de prisão ao acusado

A propina consistia em superfaturar um contrato já em vigor feito entre o Instituto Sócio Educativo do Espírito Santo, o Iases Foto: TV Vitória

Um empresário do ramo de câmeras de videomonitoramento foi preso, na noite da última quinta-feira (08), acusado de tentativa de suborno.

A propina consistia em superfaturar um contrato já em vigor feito entre o Instituto Sócio Educativo do Espírito Santo, o Iases, e a empresa responsável pelas instalações e manutenções das câmeras de videomonitoramento do instituto, que foi renovado na última quinta feira (8). O funcionário da empresa propôs um aditivo de 25% no valor pago no contrato que passaria a valer também para a Secretaria de Justiça, mas este aditivo, na prática, seria repassado em porcentagens para o secretário, para o próprio suspeito e para um servidor do Iases.

"A lei permite a aditivação de 25%, mas o que acontece muitas vezes nesse caso, é que o Estado não tem aquela efetiva necessidade de aditivar esses 25% e ele sabia disso. Ele fez a proposta e se a gente por ventura aceita e aditiva esses 25%, ele ganha, lucra, recebe e paga uma parte da propina e entrega o material para o Estado, mas é tudo fruto de uma negociação ilícita", disse o secretário estadual de Justiça, Eugênio Ricas. 

O primeiro encontro do suspeito com representantes da Secretaria de Justiça aconteceu na última terça-feira (6). Rodrigo Araújo se reuniu com o subsecretário, onde já ofereceu propina. No dia seguinte, foi recebido pelo próprio secretário, mas desta vez nada foi oferecido. Tendo conhecimento das intenções criminosas de Rodrigo, o secretário procurou a superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo que armou uma operação para deter o acusado. "Ele nos relatou que tinha contrato em vários estados como Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso, no Amazonas, então percebemos que seria necessário uma capilaridade maior para aprofundar as investigações e aí foi montado uma operação para que tudo fosse gravado e para que os policiais dessem esse apoio", disse Ricas. 

O encontro foi marcado através de uma troca de mensagens no celular em um restaurante na capital. Ao oferecer a propina, Rodrigo recebeu voz de prisão. "Ele começa apresentando a empresa fazendo propagando do produto que ele vende e depois ele é bem direto, ele disse 'eu não tenho vendedor, então o que a empresa poderia gastar com comissão de vendedor, nós pagamos para vocês'. Mas nós somos servidores públicos e temos um dever com o Estado, nós não trabalhamos por comissão e foi o momento que ele recebeu voz de prisão". 

O suspeito foi levado para a sede da Polícia Federal, em Vila Velha, onde prestou depoimento durante a noite. Advogados estiveram no local, mas não quiseram falar com a imprensa. Rodrigo é natural do Mato Grosso, mas mora em Vitória. O contrato foi assinado há um ano e segundo o secretário, sem indícios de irregularidades. "O secretário de controle e transparência já está ciente do caso e possivelmente a lei anticorrupção será aplicada e a empresa pode sofrer sanções, mas isso vai ser analisado com o decorrer do tempo", finalizou Ricas. 

A equipe da TV Vitória tentou contato com a empresa envolvida no caso, mas ainda não teve retorno.

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