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Polícia explica morte de jovem no Bairro da Penha, mas moradores revoltados contestam versão

Tudo começou depois que o adolescente Wenderson Souza, de 17 anos, mais conhecido como Dede, foi atingido por um disparo da polícia e acabou morrendo

Um carro foi queimado no Bairro da Penha em protesto contra a morte do jovem Foto: TV Vitória

A manhã desta terça-feira (25) foi marcada por protesto e confusão no Bairro da Penha, em Vitória. No local, era possível ver carro incendiado, moradores revoltados e muitos policiais militares. Tudo começou depois que o adolescente Wenderson Souza, de 17 anos, mais conhecido como Dede, foi atingido por um disparo da polícia e acabou morrendo.

Um carro foi incendiado durante o protesto Foto: TV Vitória

“Nesse cerco, alguns empreenderam fuga, mas dois resolveram avançar contra dois policias que estavam na parte de baixo da localidade. Durante essa luta corporal, o policial usou a arma de fogo para efetuar o disparo", afirma coronel Ilton Borges, corregedor PM.

Mas o irmão da vítima não confirma a informação da polícia e afirma que a história é bem diferente.

“Pegaram o moleque com droga não. O moleque tinha acabado de sair de casa para comprar pão. Nisso, que ele acabou de sair de casa, o policial falou ‘para, para, para’. O moleque parou, para que isso? Dá tiro no moleque, inocente, trabalhador. Não é a toa que começou a trabalhar comigo agora”, conta o irmão do adolescente, Wesley Moreira de Souza.

>> Veja galeria de fotos da destruição no protesto realizado pelos moradores

O irmão de Wenderson ainda afirma que os policiais demoraram a prestar socorro. “Em vez de pegar moleque e levar, tá ligado? Não, ficou tipo sorrindo na minha cara”, contou.

Segundo o coronel essa informação será investigada, mas os militares deram outra versão do caso. “A gente vai ter que levantar essa informação. O que a gente tem é que os policiais resolveram eles mesmos fazer o socorro ao invés de aguardar o 192, que seria o setor responsável para fazer esse socorro. Então, quer dizer, os policiais se esforçaram no sentido de fazer esse socorro. Se houve demora ou não, os policiais informam que não. Mas isso a gente também vai apurar na nossa investigação”, explicou o coronel.

O veículo dos Correios foi depredado e teve malotes roubados Foto: Reprodução

O adolescente foi levado para um hospital particular de Vitória, mas não resistiu ao disparo. Quando a notícia da morte chegou, a população se revoltou. "Os policiais chegaram de madrugada, atiraram em um menino que não tem nada a ver com o tráfico, morador. O menino tem 16 anos, você tá entendendo? O que acontece... a polícia vem executando um serviço bom no morro, ela está melhorando a comunidade. Eles não estão sabendo diferenciar quem é bandido e quem é morador”, afirmou o comerciante Andreoni Elias Silva.

De acordo com informações da polícia, cerca de 30 homens desceram e se aproximaram da base da Polícia Militar. Eles foram impedidos de se aproximar do local e a confusão começou.

Um carro foi roubado e incendiado no local. A motorista, que estava sozinha, foi abordada na Avenida Leitão da Silva e contou que quem a abordou afirmou que só queria o veículo, perguntou ainda se tinha seguro e subiu para o morro.

Ainda segundo a polícia, para tentar distrair os militares, foram cometidos atos de vandalismo em alguns pontos. Em um local, um ônibus quase foi incendiado. Quando a polícia chegou, o coletivo já estava sem passageiro, motorista e com combustível dentro dele. Mas o incêndio foi evitado.

Por conta do conflito, os ônibus não circularam e o comércio permaneceu fechado no bairro. A imprensa podia chegar até o isolamento da polícia, mas os moradores não aceitaram e levaram as equipes até o local onde acontecia o confronto.

Versão completa da Polícia Militar

"A versão apresentada pelos policiais é que durante um patrulhamento de rotina, eles verificaram algumas pessoas suspeitas na ação de tráfico de drogas e aí resolveram fazer a abordagem. Nesse cerco, alguns empreenderam fuga, mas dois resolveram avançar contra dois policias que estavam na parte de baixo da localidade. Avançaram de forma agressiva contra esse policial militar e durante essa luta corporal, continuando a versão apresentada pelos policiais, o policial usou a arma de fogo para efetuar o disparo. Ele estava na eminência de ser dominado por esses marginais ou por esse marginal, que é a vítima. Mesmo com o disparo ele foi socorrido, mas no hospital foi confirmado o falecimento", coronel Ilton Borges, corregedor PM.

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