Política

Máfia dos Guinchos: Associações de moradores se dividem sobre parquímetro em Vitória

O depoimento do presidente da Associação de Moradores de Jardim Camburi chamou atenção dos deputados. É que Anael Rodrigues Parente também é subsecretário de Mobilização Popular de Vitória

Anael Rodrigues Parente representa Jardim Camburi e é subsecretário em Vitória Foto: Divulgação/Assembleia

Em depoimento nesta segunda-feira (31) na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a suposta Máfia dos Guinchos, representantes de associações de moradores de Vitória mostraram que não têm opiniões unânimes sobre a utilização de parquímetros na capital. Cinco presidentes de associações prestaram depoimento na comissão.

Enquanto a presidente da Associação de Moradores do Centro, Amélia Penha Nunes, afirmava que os parquímetros foram instalados depois de uma consulta aos moradores e comerciantes com o objetivo de afastar os flanelinhas da região, o presidente do Conselho Popular de Vitória (CPV), Robson William Almeida Costa, o Robinho da Ilha, informou que o problema com os flanelinhas persiste, ou seja, além de pagar o rotativo, os motoristas ainda seriam obrigados a pagar a guardadores pela permanência de seus veículos para evitar danos.

O secretário de Segurança Urbana de Vitória, coronel Frônzio Calheira, afirmou que as comunidades foram ouvidas antes da implantação do sistema de cobrança.

Para o presidente da Associação de Moradores de Bento Ferreira, onde fica localizada a Prefeitura de Vitória, Paulo Roberto Marangoni, faltou diálogo com os moradores. E ele afirmou que o bairro também sofre com a presença dos flanelinhas. A opinião do representante do bairro é que os parquímetros poderão ser bem recebidos pelos moradores, mas que não houve pedido.

Já os moradores de Jardim da Penha não seriam tão favoráveis à instalação dos equipamentos no bairro. O presidente da Associação de Moradores, Fabrício Pancotto, informou que não há interesse da comunidade local na implantação dos rotativos.

Durante os depoimentos de representantes de associações de moradores, o do presidente da Associação de Moradores de Jardim Camburi chamou atenção dos deputados. É que Anael Rodrigues Parente é subsecretário de Mobilização Popular de Vitória. 

Na opinião da relatora da CPI, deputada Janete de Sá (PMN), e do presidente da Comissão, deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), não seria ético da parte de Anael representar os moradores de um bairro e ao mesmo ser a pessoa da Prefeitura que deve fazer articulação junto às comunidades de Vitória. 

Anael afirmou que não existe na secretaria dele nenhuma solicitação de morador para ampliar o estacionamento rotativo no bairro de Jardim Camburi desmentindo com isso a informação dada pelo secretário de segurança urbana da capital, Cel. Frônzio Calheira, que declarou na CPI que existe demanda da população para ampliar o rotativo para outros bairros de Vitória.

“Na verdade não tem como ampliar o serviço porque em Jardim Camburi não existe esse serviço. Na verdade não há interesse da comunidade para que sejam instalados esses equipamentos. Quanto ao fato de estar no governo e representar Jardim Camburi, não vejo problema algum. Pelo contrário. É muito positivo, já que é um líder comunitário que lida com outras lideranças da cidade”, defendeu Anael Parente.

PÁTIO DESCREDENCIADO

O depoimento do motoboy Clébio Dias Bertoldi gerou críticas ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Ele alegou que teve sua moto encontrada em pátio credenciado em pátio de Guarapari, mas sem registro de ocorrência policial de apreensão. Segundo ele, a moto foi roubada em 2013 na porta de casa e encontrada em junho toda depenada.

Bertoldi entregou à comissão documentos comprobatórios do que denunciou. De acordo com Bertoldi, no Detran ele recebeu a informação de que a moto teria sido apreendida em outubro do ano passado, mas não consta no órgão e nem na Polícia Militar ou Civil nenhuma ocorrência da apreensão.

Bertoldi disse que o veículo está todo depenado e que não tem como recebê-lo da forma como se encontra. “Eu preciso saber como é que a moto foi parar nos pátios do Detran e eles não têm ocorrência do roubo e nem sabem como é que ela foi parar lá”, reclama.

O coordenador de Remoção e Veículos do Detran, Jadir Tosta Júnior, disse na CPI que parte do problema com a moto de Bertoldi acontece porque ela deve ter sido retirada do pátio de Guarapari após o descredenciamento do estabelecimento. 

“O pátio de Guarapari foi descredenciado por causa de diversas irregularidades e os veículos que lá estavam foram removidos para o pátio central do Detran”, explicou Jadir.

Uma nota do Detran reforçou o que o servidor informou na comissão.

“O coordenador de Remoção e Veículos do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES), Jadir Tosta, informa que por se tratar de uma ocorrência policial, para que o veículo seja retirado do pátio é necessário que o proprietário procure a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos para que sejam tomadas as devidas providências. Informa ainda que durante a transferência dos veículos no ano passado, mediante ao descredenciamento do pátio de Guarapari, foi constatado a falta de registro de entrada da motocicleta. Quando ocorrem situações desse tipo que infringem as normas dispostas no credenciamento dos pátios, esses são advertidos ou até mesmo descredenciados.”

O depoente Gilberto Pereira da Penha denunciou um guarda municipal que teria multado seu veículo por “estacionamento irregular” alegando que estaria a menos de cinco metros do cruzamento e ameaçou guinchá-lo. 

Segundo ele, ao ser questionado sobre a falta de sinalização e mesmo sobre a multa, o guarda permitiu que ele retirasse o veículo, mas saiu do local onde efetuou a multa. “Eu voltei lá e fotografei o local, na avenida Paulino Muller, para provar que estava em local correto”, disse ele, assegurando que nunca foi multado na vida.

A Guarda Municipal de Vitória, através da assessoria, informou que o condutor foi multado por estar a menos de cinco metros de uma esquina, o que é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro. A assessoria informou ainda que não é necessária uma sinalização vertical ou horizontal, já que deve ser de conhecimento de todos os motoristas a proibição de estacionar a menos de cinco metros de uma esquina.

Pontos moeda