Quem não conhece a icônica marca Gucci? A grife italiana, que é referência global no mundo da moda, já foi tema de filme e, com sua capacidade de se reinventar, continua a ser uma das mais influentes no mercado. Fundada em 1921, por Guccio Gucci, a marca começou de forma modesta, com uma pequena loja em Florença, vendendo malas de viagem e acessórios de couro.

No entanto, o foco de Guccio sempre foi a qualidade e a sofisticação, características que, ao longo de mais de um século, definiram o DNA da Gucci. O sucesso, porém, não permaneceu nas mãos da família.

Apesar de sua ascensão global após a morte de Guccio em 1953, a empresa enfrentou disputas internas que culminaram na perda do controle familiar. A segunda e terceira gerações entraram em conflitos de gestão, e na década de 1980, a empresa enfrentou uma crise financeira e uma longa batalha judicial entre Aldo (filho de Guccio) e seu neto, Maurizio.

Em 1988, Maurizio vendeu 48% de suas ações para a empresa de investimentos Investcorp, e em 1993, pressionado pelas dívidas, teve que vender o restante. Com isso, a família Gucci deixou de controlar a marca que leva seu nome.

Atualmente, a Gucci pertence à holding francesa Kering, que a adquiriu em um acordo de quase US$ 9 bilhões em 2004. A Kering é controlada pela família Pinault, por meio da empresa de investimentos Artémis, fundada por François Pinault em 1992. Essa mudança de controle não impediu que a Gucci continuasse a se destacar como uma das principais marcas de luxo do mundo, mantendo sua tradição e inovação, mas sempre atenta à proteção de sua identidade.

A marca é protegida legalmente em diversos aspectos. Desde 1973, o nome Gucci é registrado no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), e a empresa tem sido uma ativa defensora de seus direitos de propriedade intelectual.

Um exemplo interessante envolve o mundo digital: em 2021, uma bolsa Gucci foi vendida na plataforma de jogos Roblox por mais de 4 mil dólares, superando o preço de algumas bolsas físicas da marca. Esse fato evidencia a força da Gucci, até mesmo no universo virtual, onde também protege sua marca contra tentativas de apropriação indevida.

Um caso emblemático ocorreu no metaverso, quando duas pessoas tentaram registrar as marcas Gucci e Prada. O USPTO (escritório de marcas dos EUA) rapidamente indeferiu os pedidos, alegando que o uso desses nomes poderia confundir os consumidores, já que as marcas de moda são tão reconhecidas que sugeririam falsamente uma conexão com as empresas reais. Esse episódio mostra como a proteção de marcas vai além do mundo físico, estendendo-se ao digital e ao virtual.

Outro exemplo do compromisso da Gucci com a proteção de sua identidade está em elementos visuais como as clássicas faixas verde e vermelha, ou os detalhes em metal que remetem aos freios de cavalo, símbolos icônicos que fazem referência às suas origens e são registrados como sinais no INPI. Esses detalhes são tão distintivos que, mesmo sem o nome Gucci estampado, tornam o produto inconfundível.

A Gucci também tem sido ativa em batalhas judiciais contra concorrentes. Em 2009, a marca processou a Guess por concorrência desleal, acusando-a de copiar intencionalmente seu logotipo “G” entrelaçado e um padrão de diamantes.

O tribunal de Nova York decidiu a favor da Gucci em 2012, concedendo uma indenização de 4,7 milhões de dólares, embora o valor fosse muito menor do que os 221 milhões inicialmente reclamados. A disputa se estendeu a outros países, com decisões variadas: na Itália, França, Austrália e China, a Gucci saiu vitoriosa, mas, na União Europeia, o tribunal decidiu a favor da Guess.

Em outro caso, a Gucci processou a Forever 21, acusando-a de copiar suas faixas coloridas, algo que reforça sua política de proteção rigorosa de seus elementos de design. Embora os termos do acordo entre Gucci e Guess não tenham sido divulgados, é claro que a marca italiana continua a ser uma defensora incansável de seus direitos de propriedade.

Assim, a Gucci, mesmo após tantos anos e transformações, permanece uma potência mundial, não apenas pela qualidade e inovação de seus produtos, mas também pela forma como protege incansavelmente sua marca, tanto no mundo físico quanto digital. Uma história de sucesso que segue sendo escrita com coragem, visão e um profundo respeito pelas suas origens.

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