A Adidas, que se viu obrigada a interromper a produção dos cobiçados tênis Yeezy e a suspender pagamentos a Ye em 2022, anunciou recentemente que “não há mais pendências” entre as duas partes.

Durante uma teleconferência com investidores, o CEO da Adidas, Bjorn Gulden, confirmou o acordo e revelou que as disputas legais foram resolvidas, embora não tenha revelado detalhes financeiros do acordo.

“Ninguém mais deve nada a ninguém”, disse Gulden, evitando entrar em maiores pormenores sobre os aspectos financeiros da resolução.

Essa pacificação entre as duas empresas acontece quase dois anos depois do anúncio do rompimento da parceria em outubro de 2022.

A Adidas, em um comunicado oficial na época, explicou sua decisão como sendo uma resposta às declarações controversas de Ye, que haviam causado uma onda de críticas em nível mundial.

A empresa afirmou que não poderia mais continuar com o contrato devido ao discurso de ódio e aos comentários antissemitas de Ye, reiterando seu compromisso com valores de diversidade, inclusão e respeito.

“Não toleramos antissemitismo ou qualquer outro tipo de discurso de ódio”, declarou a marca, deixando claro que as atitudes de Ye violavam seus princípios fundamentais.

O fim da parceria foi um golpe duro para ambas as partes. Para a Adidas, que perdeu uma das linhas de produtos mais lucrativas de sua história, e para Ye, que viu sua imagem e seus negócios sofrerem um impacto negativo.

O impasse que se seguiu foi recheado de disputas legais e negociações, mas, no final das contas, a resolução parece ter sido alcançada de forma discreta. E, curiosamente, sem que as cifras envolvidas fossem reveladas.

No entanto, embora o caso principal tenha sido encerrado, a Adidas ainda enfrenta um processo em andamento, desta vez de seus investidores.

Em 2023, um grupo de acionistas entrou com uma ação alegando que a empresa havia feito declarações “falsas ou enganosas” sobre a parceria com Ye e os impactos de sua dissolução.

Essa ação, que trata da queda do valor das ações da Adidas devido à perda da linha Yeezy, foi rejeitada em agosto, mas os investidores estão buscando apelar dessa decisão.

Ou seja, embora o vínculo com Ye tenha sido desfeito, a Adidas ainda pode ter que lidar com as consequências financeiras do acordo, o que pode prolongar os efeitos dessa história por mais tempo.

Mas, o que este acordo extrajudicial significa para o futuro das duas partes? Para a Adidas, o fim da guerra jurídica permite que a marca continue sua recuperação, focada em suas demais linhas de produtos e em retomar o equilíbrio financeiro após os danos causados pela perda da colaboração com Ye.

A empresa já anunciou que está focada em novas parcerias e investimentos para recuperar o terreno perdido, enquanto mantém o foco em valores de inclusão e respeito.

Para Ye, a resolução dessa disputa significa que ele pode, finalmente, seguir em frente após uma série de infortúnios públicos.

Apesar das controvérsias que marcaram sua imagem, o ex-rapper e magnata da moda ainda possui uma base de fãs leais e uma visão criativa que pode voltar a ser explorada em novos projetos. Não se sabe se ele buscará novas colaborações com marcas esportivas ou se seguirá um caminho mais autônomo para lançar seus próprios produtos.

Enquanto isso, o legado da parceria Yeezy permanece, com os tênis que ainda são procurados e reverenciados por muitos fãs.

Mesmo que o capítulo Adidas-Ye tenha se fechado, os ecos dessa colaboração continuarão a ressoar, e o impacto dessa união – e separação – pode continuar a moldar o futuro do mercado de moda e esportes.

De uma parceria que foi um sucesso estrondoso a um rompimento polêmico e conturbado, o episódio entre Ye e Adidas é um lembrete de como o mundo dos negócios e das celebridades pode ser imprevisível.

E, como toda boa história, talvez ainda falte um último capítulo sobre as consequências dessa parceria que marcou o cenário global.