Registros de uma não-paisagem
Cuidar, cuidando
Enquanto olha o ser olhado
Eis o verbo cansado
A ponto de virar sujeito
Que transborda menos o si
Para entoar o intuir de um horizonte em devir fresta
“Paisagem como janela da alma”, não me canso de dizer
Mas não aquela janela panorâmica
Esgarçada pelo desejo de ser primeira pessoa do singular
Essa é uma janela entreaberta
Que deixa passar brisas e sonhos
Janela feito alma, feito paisagem, feito
Convite e condição do convite:
– Entre…
Como aquele feito por Clarice e Deleuze
“Do entre clariceano e do entre deleuziano resta-me, portanto, o corpo como convite ao devir, que seria como uma dança-palavra silenciosa, um agenciar enunciativo desejante alinhavado pelo caráter deformativo do dizer-gesto, pensar-ritmo e fazer-movimento como linguagem-sensação”.
(In: “Nas bordas do discurso da dimensão humana (ou aquilo que chamamos de silêncio e sensação”)
Cantarola, pois, o pouso momentâneo do passarinho manoelesco
– Devir fresta…
Festa!!!