O artista e seu ateliê: veja a relação com a obra de Saramago – parte 3
O caso da personagem Sr. José também se relaciona aos nossos ateliês como locais de atuação. Para quem tem um ateliê somente para si, algumas peculiaridades. Para uns, a necessária autonomia do espaço da casa e do espaço de trabalho. Essa autonomia pressupõe, incluso, endereços diferentes.
Há locais relativamente próximos entre si, resguardando-se a autonomia dos campos. Para outros, há como separar, dentro da casa, um pequeno espaço para o exercício artístico. Em outros, casa e ateliê são inseparáveis, o que nos remete à “arte/vida” como determinante na poética visual. Há graus de separabilidade entre o espaço físico do artístico e o espaço da vida fora dele.
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Duas ou três visitas aos ateliês de Fernando Augusto e Lincoln Guimarães me despertaram para o romance de Saramago e para reflexões sobre modos de trabalho, nas artes. Até o dia 11 de agosto, os referidos artistas abrem seus ateliês à visitação pública, nas quartas e sábados à tarde.
Este evento faz parte do circuito promovido pela exposição individual de Fernando Augusto no MAES, “A persistência da paisagem”.
São ocasiões para visitação de seus ateliês. Ambos compartilham de um mesmo endereço. Diferentemente do Sr. José, o que os separa não é uma chave, e sim a laje que separa dois andares – térreo e superior – de um mesmo edifício.
No caso de Fernando Augusto, uma oportunidade rara de comparar suas obras realizadas na mencionada exposição com trabalhos em processo em seu ateliê.
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Voltando à metáfora do sol e da lua, mas para pensar em um ateliê e sua separabilidade da casa. Noite ou dia? A luz plena da consciência ou o banho da solidão noturna? O que os ateliês de Fernando e Lincoln guardariam de solar e de lunar?
(esta história continua na próxima semana)