Alegoria e metáfora em suspensão
A alegoria criada pelo artista reside na expressão ou interpretação, que consiste em apresentar pensamentos, ideias e qualidades sob forma figurada.
Ao olharmos a pintura “Natureza Morta em sala azul” do artista português Ivo Alexandre, observamos que os objetos podem ser um “still life”, ou ainda, um estado em suspensão, que distende a harmonia.
Neste caso, harmonia é a ordenação das partes, concordância ou consonância, ou ainda, sucessão de partes. Como em uma melodia, a harmonia é uma camada de sonoridades que propiciam simetrias e ordenações, (no caso da pintura é algo visual e quase tátil).
O coração apresenta a dor mais intensa, ao mesmo tempo, que é o símbolo vivo da circulação que faz a vida mover-se.
Por meio das batidas do coração somos capazes de identificar nossos sentimentos, da raiva ao amor, dos beijos, aos abraços, da saudade ao choro.
Um coração parado (dentro de um frasco), pode ser um amuleto personificado pelo crânio ao lado (quase um altar em algumas crenças, ou o contrário em outras).
O crânio sobre a mesa, reflete o pensamento entre externo e interno, entre morte e vida, e as escolhas possíveis para fazermos.
O quadro é uma metáfora estendida ao conceito do que denominamos vanitas e a passagem do tempo.
Não há limites para uma cena estendida em continuidade, há um tempo suspenso e repleto de invenções e narrativas possíveis, que o espectador cria a partir de algo que é aparentemente estático.
Ivo Alexandre, instaura a invenção do modo de fazer, simultaneamente a prática artística e contexto instalativo, quando apresenta a pintura junto a uma mesa, cadeira e livro da Escola da Bauhaus, neste sentido, a pintura dialoga e convida o espectador a mover-se.
O espectador não é contemplativo ou passivo, ele pode perceber, interpretar e compreender a arte ao seu tempo, contexto e movimento.
Referência:
Site do artista:
https://ivoalexandre.com/português
Rede social:
https://www.facebook.com/ia.ivoAlexandre/
@ivo_alexandre_artist