De onde surgem os sonhos?
Esse é o título da exposição que acontece no Palácio Anchieta, de outubro de 2023 a janeiro de 2024, um recorte da coleção de Andrea e José Olympio Pereira, com curadoria de Vanda Kablin e parceria do Instituto Cultural Vale e do Governo do Estado do Espírito Santo.
Trata-se de uma grande exposição com foco na produção brasileira dos anos 1940 até hoje. A coleção de Andrea e José Olympio tem cerca de 2.500 obras acampando nomes consagrados da arte brasileira, muitos deles, presentes nesta exposição: Beatriz Milhazes, Luiz Zerbini, Anna Maria Maiolino, Miguel do Rio Branco, Claudia Andujar, Nuno Ramos, José Resende, Adriana Varejão e outros. Trata-se de uma coleção sólida onde todo recorte oferece a possibilidade de uma grande exposição.
José Olympio disse que começou a formar sua coleção comprando obras de artistas que lhe chamaram a atenção, quando eles ainda não eram famosos, pautando pelo seu gosto pessoal. Com o tempo seu olhar passou a abranger diferentes vertentes da arte brasileira, possibilitando, assim uma coleção que, ultrapassando o gosto pessoal, se coloca como um panorama da nossa arte.
São mais de 50 artistas com cerca de 70 obras entre pintura, desenho, gravura, escultura, fotografia e instalação. Visitei a exposição duas vezes e irei novamente, pois trata-se de uma oportunidade para ver/sentir ao vivo e em cores estas obras. Curti rever obras de artistas que eu já conhecia, como Nuno Ramos, Claudia Andujar, mas sobretudo encontrar outros que não conhecia ainda ou conhecia pouco como Lucas Arruda, com sua pintura paisagística, em tons claros que seduz pela calma ou melancolia, misturando o cheio, o vazio e o infinito. Vania Mignone com sua pintura de cortes: onde as cores se tocam, se contornam e subitamente abrem espaços para palavras escritas como imagens. Solange Pessoa, artista mineira, minha contemporânea de escola de arte, em Belo Horizonte, ela na Guignard, eu na UFMG. Há tempos não sabia dela, então de repente vejo suas esculturas em pedra sabão, urnas, fosseis, formas inertes que nos tocam pelo seu estranhamento e pela proximidade com formas de vidas que nascem e crescem e desconhecemos. Uma exposição para a gente ver e rever.