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Coluna ESG

por Felipe Mello

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Desertificação aumenta no Brasil, em meio a alerta da ONU

O secretário executivo da Convenção das Nações Unidas à Desertificação (UNCCD), Ibrahim Thiaw, anunciou durante a audiência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Deputados que uma em cada quatro pessoas em todo o mundo foi afetada pelos eventos extremos da seca, com uma alta de 29% em 2023 em relação ao ano 2000. Dessa forma, foi dito que, a cada segundo, o mundo perde o equivalente a quatro campos de futebol de terra saudável, devido a destruição da vegetação nativa e do mau gerenciamento da terra.

Mais de mil eventos climáticos extremos registrados

Em 2023, vimos a Amazônia viver uma seca histórica, vimos antigas áreas semiáridas avançarem para o clima de deserto. Afinal, a expansão da agropecuária e da mineração sem manejo está ligada diretamente à desmatamentos que expõem o solo à sua erosão e degradação. Ano passado, foram registrados 1.161 eventos climáticos extremos em mais de mil municípios monitorados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), sendo que desse cenário, poucos eram os estados que de fato possuíam planos de adaptação climática. 

Os desastres ocorridos nos últimos anos, decorrentes de enchentes, deslizamentos, secas e tempestades apenas evidenciam as desigualdades sociais e territoriais dos impactos das mudanças climáticas. E com isso, pela primeira vez, uma clima árido se consolida no Brasil, de acordo com estudos realizados pelo Cemaden e pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe).

Oeste, leste e agreste

A região semiárida tem se expandindo para oeste e leste, chegando até mesmo ao agreste, sendo resultado não só do aquecimento global, mas de nossas próprias atividades. Na região que abrange o Maranhão, Tocantins, Piaui e Bahia, a expansão de soja tem degradado significativamente a vegetação nativa e afetado a ocorrência de chuvas.

As previsões futuras são graves. E o avanço do semiárido vem ocorrendo num nível acentuado. E se continuarmos batendo recordes de emissões de gases de efeito estufa, vamos ver a Caatinga se tornar um semi-deserto e a Amazônia atingir um ponto de não retorno. Assim, a disponibilidade hídrica, a agricultura e a pecuária estarão ameaçadas. Como toda a população.