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Coluna ESG

por Felipe Mello

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“Cofre do apocalipse”: Banco de Sementes armazena amostras à -18°C

Na gelada Noruega, terra dos Vikings e dos fiordes, a mil quilômetros do Polo Norte, fica o banco mundial de sementes inaugurado em 2008, o Svalbard Global Seed Vault (Silo Global de Sementes de Svalbard) ou também chamado “cofre do apocalipse” e “plano B da humanidade”.

Atualmente, estão armazenadas mais de 1,2 milhões de amostras de sementes vindas de todas as partes do mundo. No entanto, o local tem a capacidade de armazenar 4,5 milhões de variedades de culturas, onde cada pacote possui, em média, cerca de 500 sementes.

Mas qual seria sua finalidade? O objetivo, basicamente, é guardar toda essa coleção no intuito de garantir a base do nosso futuro alimentar e de evitar a perda do patrimônio botânico do mundo, sendo, portanto, uma reserva que garante a diversidade genética das culturas.

Dessa forma, quase tudo que plantamos e colhemos está lá. O local, inclusive, já foi cenário da série “Noite Adentro”, da Netflix em 2020, quando um grupo, diante de uma catástrofe mundial, viaja até a Noruega na expectativa de encontrar comida. A construção chamou atenção justamente devido a sua arquitetura imponente com ar futurista e jeitão de bunker, tudo no meio do gelo.

Desastres, guerras e mudanças climáticas

Desastres e guerras são algumas das preocupações que justificam a criação do banco, porém, não são as únicas. Afinal, as mudanças climáticas vão exigir que as plantas se adaptem a mudanças extremas de temperatura e com a falta ou excesso de chuvas. Sem contar, a preocupação relativa ao armazenamento adequado e correto, algo que nem sempre pode ser feito pelo país de origem das sementes. 

Dessa forma, estas são guardadas, lacradas e armazenadas em embalagens personalizadas com três camadas. Os baixos níveis de temperatura e umidade do armazém garante não só a baixa atividade metabólica, como mantém as sementes viáveis por longos períodos. O trigo, por exemplo, pode ficar fértil por mais de mil anos, já o alface não dura mais de 50 anos.

Ninguém é dono do local

Hoje, quem gere o local é o Ministério da Agricultura e Alimentação norueguês, juntamente com o banco genético regional NordGen e o Crop Trust. Nenhuma nação precisa pagar para manter as sementes armazenadas, assim como o consenso é que ninguém é oficialmente dono do local. Vale destacar que, o depositante ainda sim é proprietário das sementes que armazena, sendo o único que pode retirá-las. 

O banco, até mesmo, já provou sua utilidade há alguns anos, quando um grupo de pesquisadores do Centro Internacional de Pesquisa Agrícola em Áreas Secas de Aleppo, na Síria, solicitou a coleta de suas amostras, uma vez que o Instituto Aleppo havia sido ocupado e destruído. Assim, os mesmos conseguiram repor sua herança de sementes para realização das pesquisas.

Mas porque o armazém foi construído lá? Apesar de remoto, é acessível. Sem contar que, é geologicamente estável, está acima do nível do mar, portanto protegido de inundações oceânicas, e é a prova de desastres como terremotos e inundações. Além disso, não há nenhum conflito diplomático, uma vez que as sementes da Rússia se encontram bem ao lado das da Ucrânia, por exemplo.