instagram facebook twitter youtube whatsapp email linkedin Abrir

Coluna ESG

por Felipe Mello

pexels-inspiredimages-133325

Por Cintia Dias

Os Jogos Olímpicos e a busca por eventos sustentáveis

A sustentabilidade não pode ficar restrita a nichos. Expandir-se é a melhor forma de propagar sua mensagem e aferir adesões a causas tão necessárias, que envolvem a continuidade e integridade da vida na terra. Uma ação que vem ganhando espaço ultimamente é a adoção de práticas sustentáveis nas categorias esportivas e de entretenimento.

Veja o caso do maior evento esportivo do ano, os Jogos Olímpicos de Paris, que prometem ser os mais sustentáveis da história. O Comitê Organizador envidou esforços para reduzir pela metade a emissão de gases poluentes em relação às edições anteriores, estimular o uso de bicicletas pelos atletas, disponibilizando-as para transporte na cidade, dispensar parte de materiais plásticos, eliminar geradores a diesel e instalar paineis solares, além de adaptar o cardápio a fim de ampliar a oferta de refeições à base de plantas.

Também optou por reutilizar pódios e mobiliários, adotar a reciclagem e reduzir o desperdício, além de ter rejeitado novas construções – aproveitando instalações já existentes que foram modernizadas, ou estruturas temporárias, que podem ser acessadas via transporte público. Com o lema “construa menos, melhor e mais útil”, vilas olímpicas se transformarão em bairros após os Jogos, tendo sido erguidas atendendo a cotas de carbono, usando materiais de baixa emissão, explorando a rotação solar para aproveitar luz natural e ventilação e buscando a integração ao transporte público.

Paris 2024 terá a metade das emissões do Rio 2016

O Comitê dos Jogos Olímpicos está disseminando, ainda, medidas para conservação de energia, em coro à sua decisão de adotar 100% de energia renovável, proveniente de parques eólicos e solares. Somente a dispensa de geradores a diesel permite a redução equivalente a 13 mil toneladas de emissões de carbono, que se soma a outras iniciativas como usar 80% de ingredientes franceses e pelo menos 30% de orgânicos nos 13 milhões de lanches e refeições que serão servidos durante os Jogos.

Tudo isso para cumprir a meta de limitar as emissões a 1,75 milhão de toneladas de CO² equivalente, o que corresponde a menos da metade das 4,5 milhões de toneladas das Olimpíadas do Rio em 2016. Ainda que apresente pontos de melhoria (especialistas lembram que a principal fonte de emissões, as viagens aéreas até Paris, não foram alvo de limitações), representa um grande avanço pelo resultado gerado e pela visibilidade das iniciativas.

Também a Fórmula 1 tem realizado ações em prol da sustentabilidade. Com a meta de anular a emissão de carbono até 2030, a modalidade busca uma fórmula para um combustível 100% sustentável, como já acontece na Fórmula Indy, nos Estados Unidos. Já para 2026 há a previsão de alteração no regulamento sobre o novo combustível, que não deverá emitir qualquer resíduo de carbono e que poderá, em um futuro breve, ser adotado pela frota comum.

Preocupação chega às pistas

Com os esforços, já foi aferida a redução de 13% nas emissões, se comparados os anos de 2022 com 2018. Outras iniciativas passam por reformular o calendário de corridas para melhorar a logística e reduzir os deslocamentos, uma vez que esse fator representa metade das emissões da categoria. A meta é se assemelhar à Fórmula E, de carros elétricos, que já neutraliza 100% das suas emissões de carbono.

O Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 também aderiu à pauta e vai neutralizar todos os gases de efeito estufa emitidos durante sua realização, a partir do plantio de árvores, coleta do óleo lubrificante para seu adequado tratamento e uso de paineis de energia solar, em um investimento de R$ 1,3 milhão em duas usinas desta fonte energética e uma central de tratamento de resíduos.

Já há no mercado, inclusive, empresas especializadas em compensar as emissões de carbono de eventos, a partir de triagem, coleta seletiva, compostagem, reciclagem, cálculo de emissões, relatórios e sistemas de compensação de carbono. O Rally dos Sertões já utiliza tais serviços, assim como festivais de música, que recebem, em troca, o selo “Evento Neutro”.

Show de talentos e iniciativas sustentáveis

O Rock In Rio, um dos maiores eventos culturais do Brasil, neutralizou as emissões do festival em 18 de suas 22 edições. O Plano de Sustentabilidade do evento, com mais de 40 páginas, demonstra os reconhecimentos dos esforços envidados para a causa, como a obtenção da ISO 20121-Eventos Sustentáveis, as ações realizadas em cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a política instituída para este fim, que contém as metas para cada edição.

Ao ser abraçada por atividades esportivas e lúdicas, a sustentabilidade ganha espaço em uma arena importante, que reúne um público apaixonado em um momento de grande conexão emocional com seus ídolos, o que se revela uma oportunidade única de ampliar o alcance de sua mensagem, sensibilizar os presentes em torno de sua adoção e engajar mais pessoas para as práticas desejadas.

Cintia Dias

Jornalista, publicitária, mestre em administração e especialista em comunicação, sustentabilidade e marketing. Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES e colaboradora da Coluna ESG do Folha Vitória.