instagram facebook twitter youtube whatsapp email linkedin Abrir

Coluna ESG

por Felipe Mello

Imagem2k

Degelo “ressuscita” bactéria mortal e preocupa especialistas

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançou um alerta enfático sobre uma série de eventos que estão acelerando a crise climática global. Isto é, além dos impactos já conhecidos, esses eventos comprometem a biodiversidade e os ecossistemas naturais, além da economia e à saúde pública em escala planetária.

Entre os alertas, o primeiro ponto se mostra como um verdadeiro paradoxo moderno, pois destacou que enquanto a tecnologia promete soluções inovadoras, seu uso impróprio pode estar aumentando a crise. Centros de dados, por exemplo, consomem uma quantidade descomunal de recursos naturais, como terras raras e água, intensificando a pressão sobre ecossistemas locais e globais. 

Degelo pode liberar toneladas de carbono na atmosfera

Talvez o mais preocupante dos alertas dado pelo PNUMA, seja o descongelamento do permafrost, uma camada espessa permanentemente congelada encontrada nas regiões árticas,  que atualmente está liberando vírus pré-históricos e bactérias patogênicas que estavam há muito adormecidas. Um exemplo preocupante da segunda tendência já foi observado na Sibéria, onde o descongelamento dessa camada de gelo desencadeou um surto de carbúnculo, uma doença bacteriana que afeta animais e pode ser transmitida aos seres humanos por contato direto ou indireto.

O permafrost se formou ao longo de milhares de anos, acumulando enormes reservas carbono e servindo como um registro histórico das mudanças climáticas ao longo das eras geológicas. Dessa forma, esta camada congelada é uma reserva crítica de carbono para o nosso planeta, e sua preservação são essenciais para evitar um agravamento ainda maior da crise climática. Em caso de derretimento há a liberação de metano, um gás com potencial de aquecimento 40 vezes maior do que o dióxido de carbono. 

Chamado à ação global

Esses eventos não são apenas alertas preocupantes, devem ser um chamado à uma ação global coordenada. 

Ailton Krenak, em seu ensaio "A vida não é útil", provocativamente destaca:

foi impressionante, durante a pandemia, como aceitamos a convocatória para ficar em casa e fazer o distanciamento social. Salvo alguns excêntricos, todo mundo que pode concordou com ela. Ora se somos capazes de ouvir um comando desses, todos ao mesmo tempo, de permanecermos em casa, porque não seríamos capazes de ouvir o comando de parar de predar o planeta? De parar de destruir os rios e as florestas? Esse é um valor transcedente”.