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Coluna ESG

por Felipe Mello

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Por Rovena Cabral

Sociedade 5.0: Como modernizar o RH da administração pública

Por Rovena CabralpPor Rovena CabralSegundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Brasil possui 11 milhões de funcionários públicos, o que representa 5,6% da população. A carreira na administração pública, embora nem sempre seja a melhor remunerada, é ambição de muitos devido à estabilidade dos cargos.

Esse mesmo motivo que atrai também desafia a gestão de pessoas na administração pública, especialmente no contexto atual, no qual a promoção de diversidade e inclusão é crucial. Órgãos e empresas que contratam via concurso público enfrentam limitações na movimentação de pessoal e renovação de quadro, tornando a gestão complexa.

A rigidez dos processos seletivos torna a gestão de pessoas nos órgãos públicos desafiadora. Embora garantam igualdade de oportunidades e transparência, podem resultar em uma força de trabalho inflexível e resistente a mudanças. A estabilidade dos cargos, a estrutura hierárquica e os processos burocráticos dificultam a implementação ágil de novas políticas e práticas, criando um ambiente muitas vezes avesso à inovação.

Romper barreiras para a Inovação

Promover a inovação em um ambiente de pouca autonomia gerencial exige criatividade e resiliência. Laboratórios de inovação, onde funcionários de diferentes áreas podem colaborar para desenvolver soluções criativas, são uma alternativa viável. Parcerias com universidades e empresas privadas podem trazer novas perspectivas e tecnologias para o setor público. Além disso, é preciso incentivar e investir na automatização de atividades repetitivas, que também são características de um ambiente pouco inovador.

É necessário ainda, um olhar para a dinâmica da rotina do servidor, repensar práticas antigas, como a rotina rígida de controle de jornada, que inviabilizam a flexibilidade de horário e o trabalho remoto ou híbrido, tornando a rotina pessoal do funcionário público, engessada.

Paula Harraca, em sua obra O Poder transformador do ESG, destaca a importância da abordagem social na gestão de pessoas na chamada Sociedade 5.0, que é colocar as pessoas no centro da tomada de decisão, com confiança, credibilidade, humanização e empatia. 

Para integrar práticas de ESG nos recursos humanos da administração pública, é necessário adotar uma abordagem de longo prazo. A atenção ao bem-estar dos funcionários é fundamental. Oferecer programas de saúde mental, oportunidades de desenvolvimento profissional e políticas que promovam a conciliação entre trabalho e vida pessoal são essenciais para motivar as equipes e reter talentos.

Administração pública inclusiva e diversa

A diversidade e a inclusão tornaram-se pilares fundamentais para uma administração pública eficaz e representativa. É necessário enfrentar o desafio de promover esses valores em um ambiente de contratação via concurso público e repensar os formatos dos processos seletivos, de modo a atrair candidatos de diferentes origens, habilidades e experiências.

A política de cotas, sociais, de raça e gênero é exemplo de uma ferramenta já conhecida e eficiente, utilizada quando há força da legislação. A Lei nº 12.990/2014 sancionada em 9 de junho de 2014, estabelece a reserva de 20% das vagas em concursos públicos federais para candidatos negros, estender aos concursos estaduais e municipais poderia apresentar um resultado significativo para o cenário da diversidade da administração direta.

Superar esses desafios requer uma abordagem sistemática e integrada. A liderança deve estar comprometida com a promoção de práticas ESG, inovação, diversidade e inclusão. Aderir a programas de capacitação contínua e sensibilização sobre a importância de conhecer e aplicar estes conceitos é fundamental. Também é necessário criar mecanismos de feedback e avaliação, para monitorar o progresso e ajustar as estratégias conforme necessário. 

A gestão de pessoas na administração pública enfrenta grandes desafios, especialmente em um contexto de contratação por concurso público e pouca autonomia gerencial. No entanto, com um compromisso firme com as práticas ESG e inovação, é possível criar um ambiente de trabalho mais sustentável, justo e dinâmico. Esse movimento, que une inovação e sustentabilidade, oferece uma visão otimista para a transformação da administração pública, requerendo políticas eficazes, esforço da liderança, e ações conjuntas entre sociedade e governo para construir um futuro mais promissor e inclusivo para os servidores públicos.

Rovena Cabral

Administradora, Gestora da Divisão de Contratos e Documentos da Cesan, Coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da Cesan e Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES.