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Coluna ESG

por Felipe Mello

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Sustentabilidade Hídrica: O Papel das Águas Subterrâneas na Adaptação Climática

A água subterrânea representa o recurso natural mais extraído do subsolo brasileiro, conforme destacado pelo XXII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas. E embora desempenhe um papel crucial na manutenção dos sistemas hidrológicos do país, sua natureza invisível frequentemente faz com que passe despercebida para a sociedade, os gestores e governos. Contudo, esta invisibilidade contribui para uma gestão inadequada e uma conscientização limitada, o que não só amplifica as perdas sociais, econômicas e ambientais, mas também acelera os impactos devastadores das mudanças climáticas.

Em meio a esse cenário de incerteza, a água subterrânea emerge como uma solução adaptativa de grande potencial, especialmente quando integrada a uma gestão hídrica eficiente, como preconiza a Política Nacional de Recursos Hídricos e Saneamento. Afinal, em um país marcado por profundas desigualdades, onde a universalização do abastecimento público ainda é uma promessa distante, e com quase metade dos municípios brasileiros extremamente vulneráveis a estiagens, é urgente adotar estratégias que elevem a água subterrânea ao seu devido protagonismo.

As águas subterrâneas moldam a disponibilidade de água

Relatórios recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sublinham a importância vital deste recurso para o abastecimento global. No entanto, atualmente, este enfrenta uma ameaça dupla: a redução das precipitações e o aumento da evaporação, que comprometem a recarga dos aquíferos e resultam em níveis perigosamente baixos de água subterrânea.

Agora, se, por uma maldição, todos os aquíferos brasileiros secassem, o país enfrentaria uma transformação radical, tornando-se irreconhecível. Uma vez que, os aquíferos desempenham um papel fundamental na hidrografia, moldando a disponibilidade de água em diversas regiões e alimentando nascentes, riachos e outros corpos d'água superficiais. Sendo assim, sem eles, o Brasil veria o desaparecimento de muitos de seus cursos d'água e um aumento dramático na escassez hídrica. 

Gestão cuidados e integrada

As secas se tornariam mais severas e prolongadas, e a falta de água subterrânea comprometeria a agricultura, a indústria e o abastecimento urbano. Assim, a gestão cuidadosa e integrada dos recursos hídricos se tornaria uma estratégia vital para evitar tal catástrofe, pois a perda dos aquíferos deixaria o país à mercê de um futuro incerto e devastador.

Com isso, as empresas, como grandes consumidoras de recursos hídricos, têm a responsabilidade de adotar práticas que minimizem seus impactos sobre os aquíferos. Isso inclui a implementação de tecnologias de eficiência hídrica, o monitoramento rigoroso da extração de água subterrânea e a exploração de fontes alternativas de abastecimento. Dessa forma, estas ainda podem desempenhar um papel de liderança ao promover iniciativas de responsabilidade socioambiental, colaborando com governos e comunidades ao proteger as bacias hidrográficas e investir em projetos de recarga artificial dos aquíferos.