instagram facebook twitter youtube whatsapp email linkedin Abrir

Coluna ESG

por Felipe Mello

Imagem2sds

Estiagem no ES: governo anuncia restrições do uso da água

Na última semana, o governador Renato Casagrande anunciou que o Espírito Santo implantará restrições ao promover o uso consciente da água para os grandes setores. Essa decisão surge em resposta à escassez de chuvas e aos níveis críticos dos rios no estado. A prioridade do governo, é assegurar o abastecimento público e a disponibilidade de água para os animais, evitando problemas mais graves decorrentes da seca. Nesta quarta-feira, o comitê se reunirá para discutir os impactos das queimadas e da estiagem, com o objetivo de definir e traçar de forma coordenada e eficaz os próximos passos e medidas necessárias.

A Resolução de Alerta, portanto, publicará no Diário Oficial, o detalhamento das novas restrições que deverão ser tomadas. Embora o governador Casagrande já tenha decretado situação de emergência devido ao aumento exorbitante do número de queimadas, ainda não há indicações para o racionamento da água por parte da população, ou seja, não há ordem para que as pessoas deixem de usar água de maneira obrigatória em qualquer horário do dia, por mais que seja importante ressaltar a necessidade do uso consciente.

Cidades sob classificação de seca extrema ou severa

Como se isso não bastasse, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) reportou, na segunda-feira (16), 526 focos de incêndio no Espírito Santo, isto é, o dobro do registrado no mesmo período do ano passado. Além disso, um levantamento realizado pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), divulgado pelo g1, na quarta-feira (24) indicou que 1.024 cidades estão sob classificação de seca entre extrema e severa (a mais alta classificação) em todo o país, sem contar as mais de três mil que estão sob alguma classificação de seca.

Assim, a falta de chuva alastra o fogo pelo país. No Espírito Santo, de janeiro a maio deste ano, foram queimados 1.587 hectares de mata nativa, o equivalente a 85 estádios do Maracaña. Esse número representa um aumento alarmante de 118% em relação ao mesmo período no ano anterior, onde 727 hectares foram queimados. Estamos enfrentando uma seca que castiga nossas cidades e que já têm impactos profundos no abastecimento e na produção agrícola. As safras de café, leite e derivados tiveram prejuízos milionários como reflexo da crise hídrica e ambiental.

Reavaliação de nossas ações

No entanto, para que as coisas realmente mudem, precisamos reavaliar nossas ações. Citando Ailton Krenak, líder indígena e ambientalistas, “os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui.” 

Nossos rios estão sendo asfixiados por atividades humanas incessantes de norte a sul, atingindo a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal e a Mata Atlântica. Nossos biomas já devastados e mercantilizados, refletem nossas próprias falhas. Reduzimos a natureza a meros recursos a serem explorados, extraídos e vendidos, ignorando seu papel na manutenção da vida. Diante desse cenário, resta a pergunta: será que somos mesmo uma humanidade?