instagram facebook twitter youtube whatsapp email linkedin Abrir

Coluna ESG

por Felipe Mello

Imagem1w

Pandemia de Incêndios: O Brasil em Chamas

Você está conseguindo ver a crise climática? E respirar? Na última quinta-feira um grupo de cidadãos e organizações socioambientais indignados com o atual cenário ambiental tomaram as ruas de São Paulo e se uniram para protestar contra os responsáveis pelo caos instaurado no país. Afinal, ano após ano, as queimadas no Brasil dominam as manchetes, criando um ciclo aparentemente interminável de destruição. A Amazônia, o Cerrado e o Pantanal estão devastados, expondo uma desconexão gritante entre o discurso político e a realidade prática. 

Enquanto o Brasil se compromete em fóruns internacionais com metas de redução de emissões e proteção ambiental, a fiscalização interna enfraquece e as políticas públicas de combate ao desmatamento são desmanteladas. O resultado? Um distúrbio ambiental que se intensifica cada vez mais. Por isso, práticas ESG não podem ser apenas uma palavra da moda, mas sim uma prática cotidiana que articule, de forma verdadeira, a responsabilidade ambiental, social e de governança com as urgências do nosso tempo.

Normalizamos o absurdo

Em 2024, o Brasil já contabilizou mais de cinco mil focos de incêndio, concentrando 76% das áreas afetadas pelo fogo em toda a América do Sul, segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A gravidade se intensifica no Cerrado, que já ultrapassou a Amazônia em número de focos de incêndio, com 2.489 registros. No Espírito Santo, oito pessoas já foram presas suspeitas de iniciar incêndios.

Nossa Área de Proteção Ambiental (APA) localizada em Setiba, Guarapari, perdeu recentemente cerca de 400 hectares, ou seja, 400 campos de futebol, por um incêndio possivelmente provocado por ação humana. Em 2024, o Espírito Santo registrou 469 focos, segundo dados do Inpe disponibilizados na quinta-feira (12). O Estado segue uma tendência nacional.

Brasil: de Líder a Vilão Climático

A situação é ainda mais crítica no sudoeste da Amazônia, apontada pelo Observatório Europeu Copernicus como a maior emissora de gases de efeito estufa no planeta  entre os dias 7  e 12 de setembro, em razão das queimadas e da seca. Essa constatação, feita por pesquisadores da USP e da UFAM baseou-se na análise de aerossóis e monóxido de carbono, ambos potentes contribuintes para o efeito estufa, além do dióxido de carbono liberado pelos incêndios.

A posição do Brasil como liderança da agenda climática global já era bastante questionada antes desses eventos de incêndios, por suas posições controversas e contraditórias, agora após sua inação e morosidade no combate a esses eventos, o país se consolida como um possível vilão climático, ao contrário da imagem que gostaria de passar mas em consonância com seus atos.