“Sair da caixinha” do pensamento – Parte 2
No artigo anterior falávamos que o rompimento com antigos modos de pensar, a descoberta de que é possível conceber e agir fora de antigas e restritivas linhas de pensamento, é comumente descrito como pensar “fora da caixinha”.
As nossas novas escolhas são surpreendentes, enriquecedoras, mais ajustadas à nossa natureza e essência íntima. A coragem do novo nos abre universos de possibilidades antes inimagináveis.
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Alguns dos temas mais obscuros, coisas que reprovávamos veementemente, por exemplo, podem ir clareando.
Repensaremos e ampliaremos nossos pontos de vista sobre o que pensam as pessoas de outras “caixas”, sobre nosso papel nas relações e sobre o tamanho das possibilidades do mundo atual.
Coragem de romper com antigos padrões
Há, porém, dificuldades previsíveis frente a grande quantidade de novas informações e vieses. Fora da “caixinha” há, literalmente, um novo mundo sem fixidez e certeza.
Tudo que é novo requer atenção!
Algumas das novas escolhas “desencaixadas” podem se mostrar um verdadeiro desastre!
LEIA TAMBÉM: “Sair da caixinha” do pensamento – Parte 1
A nova “igreja” pode se revelar não tão boa; as novas amizades podem se revelar igualmente falíveis; a aposta numa certa empresa pode nos trazer perdas na Bolsa de Valores; a nova atividade pode ter custos altos; o novo relacionamento pode, depois, revelar-se impróprio; a nova disciplina pode se revelar mais pesada do que prevíamos… imprevistos e mais imprevistos.
Quanto menos “caixa”, mais a imprevisibilidade e vastidão nos alcançam!
Desafios e oportunidades da nova perspectiva
Nossa nova vida fora da “caixa” não tem mais os agudos ângulos precisos.
Nossa liberdade de pensar e agir (junte a liberdade alheia de fazer o mesmo), se somam aos fatores de risco dos ambientes abertos à Vida.
As “caixas” nos garantiam resultados certeiros que não vinham, revelando assim a estreiteza do pré-conceito desatualizado.
Importância da flexibilidade nas novas escolhas
Já a vida fora da “caixa” nem sequer nos promete certezas! Fora das “caixas” sabemos que haverá: liquidez das “consistências”, incertezas das bordas e a provisoriedade das verdades.
Aí nossas decisões e tarefas têm de estar em constante revisão e reposicionamento no mundo real – fora das “caixinhas” de certeza em que tentaram nos aprisionar.
Podemos nos decepcionar com nosso desânimo e infelicidade ao nos defrontarmos com nossos novos erros de julgamento.
Estarmos sempre em curso é, como diz Morin, “navegar por ilhas de certeza num oceano de incertezas”. Essa navegação turbulenta pode nos assustar.
“Não era afinal tão apertada” é o primeiro pensamento arrependido de quem saiu da “caixa”. O segundo: “quanto me custaria voltar para ela?”.
Mal que a caixa nos faz
Justo aqui nestes pensamentos, mais do que em qualquer outro momento, se revela o verdadeiro mal que a caixa nos faz: duvidar da liberdade como geradora de bem-viver.
Só muito deformados em nossa humanidade podemos conceber a tirania de uma única verdade como preferível à liberdade da descoberta das diferenças e da riqueza da pluralidade de pensamentos!
E isso é o que a “caixinha” pretende: o apequenamento.
Mas, às vezes é preciso só algum tempo para aprendermos a conviver e aprender num mundo real, redondo e circular e que necessita de sustentabilidade mais que de quadraturas.
Saídos da estreiteza de ângulo e da certeza absoluta das quinas quadradas somos novatos na habilidade de ponderar, correr riscos e aprender com eles. Só novatos. Vamos progredir!
Implicações e desconfortos da liberdade
Toda liberdade traz suas implicações e desconfortos. Mas, só a liberdade de aprender nos permite consolidar o progresso escolhido.
A experiência própria, as positivas e as negativas, nos permitem descobrir de fato e de direito, descobrir ao pé da letra: des-cobrir, quem realmente somos!
Somos nossos limites e também o que fazemos para transpô-los. Somos nossos sonhos e também o que fazemos para realizá-los. Somos nossas habilidades e dificuldades, mas também nossa esperança, invenção e criatividade.
Recém-saídos da “caixa” duvidamos do novo-mundo porque este de fato é um mundo não-meritocrático, parcialmente previsível, limitado fisicamente e ilimitado na mente e no coração dos diferentes seres humanos.
É um mundo em construção coletiva, vivido particularmente por cada um.
Este é o nosso mundo e aqui habitam os que amamos e queremos bem. Aqui. Não nas velhas “caixas”! Aqui é um lugar onde podemos viver e experimentar, incorporar, trabalhar e refazer.
Mesmo sem certezas absolutas podemos viver a bravura cotidiana de recomeçar os dias e aprender com eles.
Construir uma nova forma
Entre o absolutamente líquido dos inícios… e o absolutamente previsível de uma caixa… podemos construir uma nova FORMA, mais flexível e menos angulosa, mais aberta e menos definitiva, para conter nossas novas aprendizagens, reflexões e ponderações.
Podemos, sobretudo, ter uma nova postura e falar menos peremptoriamente mal e maldosamente sobre todos os valores e pessoas de nossas “caixas” antigas!
Sim. Nem tudo é o “fim do mundo” nas antigas “caixinhas”. Há que se fazer as pazes com o que já fomos e pensamos. Lavar a roupa suja. Costurar novas vestimentas e sair para o Caminho… que só existe ao caminhar.