Ideb: veja onde o ES se destaca e onde precisa avançar

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Nadia Cardoso Moreira

O futuro de uma nação depende, em grande parte, da qualidade de sua educação. No Brasil, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é o principal termômetro utilizado para medir esse progresso. 

Recentemente, os resultados do Ideb de 2023 foram divulgados, revelando tanto avanços importantes quanto desafios persistentes em nosso sistema educacional. 

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Mas o que exatamente é o Ideb e por que ele é tão crucial para a compreensão do estado da nossa educação

Neste artigo, vamos explorar o significado deste índice, seus objetivos e como os dados mais recentes nos ajudam a entender melhor o cenário da educação básica no país.

O que é o Ideb?

O Ideb é um indicador criado para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas do Brasil. Ele é calculado combinando duas métricas principais: a nota média dos alunos nas provas de português e matemática e a taxa de aprovação escolar, podendo variar de 0 a 10

Assim, para uma escola ou rede de ensino atingir um IDEB alto, ela precisa não apenas garantir que seus alunos avancem de ano, mas também que eles demonstrem bons níveis de aprendizado nas disciplinas avaliadas.

Por que o Ideb importa?

Ele serve como um termômetro da educação básica no Brasil, permitindo que gestores, educadores e a sociedade em geral entendam a qualidade do ensino nas escolas públicas e privadas. 

Com base nesses dados, é possível identificar falhas e direcionar recursos e políticas públicas para melhorar a educação onde ela é mais necessária.

E os resultados do Ideb de 2023?

A nota do Ideb é calculada para três grupos: nos anos iniciais, que são os estudantes do 1º ao 5º ano; nos anos finais, que são os estudantes do 6º ao 9º ano; e os estudantes do ensino médio. 

Considerando a Nota Total (que leva em consideração as redes municipal, estadual e nacional, tanto das redes públicas quanto privadas):

  • Anos iniciais: os estados com as melhores notas foram Paraná (6,7), Ceará (6,6) e São Paulo (6,5).
  • Anos finais: os estados com as melhores notas foram Ceará (5,5), Paraná (5,5) e Goiás (5,5).
  • Ensino médio: os estados com as melhores notas foram Paraná (4,9), Espírito Santo (4,8) e Goiás (4,8).
  • Os estados com as piores notas se encontram nas regiões Norte e Nordeste.

Fonte: Inep

E o como foi o desempenho do Espírito Santo?

  • Em relação as metas estabelecidas em 2021, o Espírito Santo só atingiu a meta traçada para os anos iniciais, ficando abaixo da meta estipulada para os anos finais e ensino médio.
  • No entanto, teve notas acima da média da região Sudeste. 
  • Foi um dos estados com maior nota no ensino médio
  • Tem a 5ª maior nota nos anos iniciais e a 7ª maior nota nos anos finais.

O desempenho do Espírito Santo no Ideb 2023, embora positivo nos anos iniciais, evidencia que o Estado ainda enfrenta desafios significativos nos anos finais e no ensino médio, onde não alcançou as metas estipuladas em 2021.

Além disso, persiste uma diferença considerável entre o desempenho dos alunos da rede pública e da rede privada.

Escolas públicas vrs. escolas privadas

A diferença de desempenho entre as escolas públicas e privadas, evidenciada pelos resultados do Ideb 2023, reflete uma desigualdade preocupante no acesso à educação de qualidade no Brasil. 

Essa disparidade pode ser atribuída a vários fatores, como a maior disponibilidade de recursos financeiros e infraestrutura nas escolas privadas, o que permite investimentos em tecnologias educacionais e materiais didáticos superiores. 

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Em contraste, muitas escolas públicas, especialmente em áreas mais vulneráveis, enfrentam dificuldades para manter uma infraestrutura básica adequada e garantir formação continuada de qualidade para seus educadores.

Isso pode trazer consequências profundas não apenas no ambiente escolar, mas também na sociedade como um todo.

Alunos de escolas privadas têm maior facilidade em ingressar em universidades de prestígio, o que lhes dá acesso a melhores oportunidades no mercado de trabalho, perpetuando assim a desigualdade socioeconômica. 

Barreiras para competir em igualdade de condições

Em contrapartida, os alunos da rede pública enfrentam mais barreiras para competir em igualdade de condições, o que compromete o princípio de equidade que deveria nortear as políticas públicas de educação no país.

O desempenho acima da média do Espírito Santo no Ideb 2023 indica que o Estado está no caminho certo, mas os resultados também ressaltam a importância de manter o foco em políticas que melhorem o desempenho nos anos finais e no ensino médio, além de promoverem a equidade educacional

O desafio agora é garantir que os avanços sejam sustentáveis e que todos os alunos, independentemente da rede em que estudam, tenham acesso a uma educação de qualidade que lhes permita competir em igualdade de condições.

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Nadia Cardoso Moreira

Professora Associada na FUCAPE Business School, especialista em programação e análise de dados aplicados a decisões empresariais estratégicas. Com doutorado em Ciências Contábeis e Administração e sólida formação em matemática, combina conhecimentos de estatística e econometria para otimizar processos contábeis e financeiros. Experiência comprovada na publicação de pesquisas em revistas de alto impacto e na capacitação de profissionais de graduação a doutorado, destacando-se por aplicar teorias complexas em soluções práticas e eficientes para o mercado.