Países ricos desfrutam de uma posição privilegiada, a qual lhes permite adotar políticas econômicas com um grau de experimentalismo que, quando aplicadas por nações menos afortunadas, originam para estas consequências mais danosas, e de modo mais célere.

Especialmente quando tais experimentos representam a implementação de políticas coletivistas ou de “bem-estar social”, um paradoxo inquietante se revela: as mencionadas políticas, ao menos declaradamente, objetivam reduzir desigualdades e promover inclusão social, contudo, notadamente quando mal administradas ou adotadas sem responsabilidade fiscal, levam a uma significativa deterioração econômica, comprometendo a sustentabilidade das próprias políticas e a situação econômica daqueles que pretendia beneficiar.

A Venezuela, por exemplo, rica em petróleo, é um caso emblemático de como políticas econômicas populistas e coletivistas podem resultar em uma crise tanto humanitária, como econômica profunda. Sob a liderança de Hugo Chávez e, posteriormente, Nicolás Maduro, a Venezuela implementou extensas políticas de redistribuição de renda, nacionalizações e controles de preços, financiadas, incialmente, pelas vastas receitas oriundas da indústria petroleira.

No entanto, a citada gestão econômica imprudente originou uma espiral de inflação, escassez de bens básicos e uma crise migratória sem precedentes, evidenciando os perigos de políticas econômicas levianas sustentadas por uma fonte de renda volátil.

Outro exemplo notável é aquele apresentado pela antiga União Soviética, que, apesar de não ser um país tradicionalmente “rico”, dispunha de vastos recursos naturais e humanos para sustentar, por mais tempo que o país latino-americano, suas políticas coletivistas. A rigidez do planejamento centralizado, a ineficiência econômica e a falta de incentivos para a produtividade acabaram por minar seu desenvolvimento econômico e social, culminando em seu eventual colapso no início dos anos 90.

Ainda, a Noruega utiliza os lucros de seu fundo soberano, alimentado pelas receitas de sua indústria petroleira, para financiar seu generoso estado de bem-estar social, sendo capaz de, até o momento, mantê-lo funcionando. Porém, mudanças na matriz energética global podem abalar o tênue equilíbrio fiscal da nação nórdica.

Políticas coletivistas apresentam efeitos que estendem não só ao campo econômico, mas também podem originar uma crise humanitária e influenciar fluxos migratórios, como é possível se depreender do atual exemplo venezuelano, e do exemplo histórico soviético. Alguns países, em razão da riqueza que acumularam ao longo de séculos, como a Noruega, possuem o “luxo de ser leviano” quanto à sua política econômica, já os menos abastados experimentam as consequências da irresponsabilidade fiscal de forma meteórica.

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