Há quem mal diga o dinheiro, há quem o idolatre, mas, no Brasil, é certo que nossas raízes judaico-cristãs causam uma certa contradição em alguns indivíduos, principalmente, se tiver uma origem com forte influência religiosa. Porém, tanto um, quanto outro tem uma concepção errada da representação do dinheiro. Essa é uma discussão antiga, pois muitos filósofos expuseram seus argumentos e, a depender de seus valores, criaram conceitos para expor seus ideias sobre o dinheiro. Católicos chamavam de um deus concorrente a Deus, estoicos chamavam de um meio para um fim, Ayn Rand apresentava como o fruto da inteligência humana, Karl Marx como resultado da ganância e corrupção dos homens e alguns economistas, descrevendo como o sinal de boa fé nas transações econômicas.

De tantas ideias influenciando uma nação nos últimos séculos, desejar riqueza e seu acúmulo tornou-se um sinal de maldade dos indivíduos. Logo, ser recompensado pelo seu esforço, ser inovador, arriscar seu capital em busca de algo mais ou promover trocas vantajosas entre partes é sinônimo da decadência do espírito humano. Contudo, não há a avaliação dos impactos oriundos dessas transações, como a geração de emprego, contribuição para outros negócios, contribuição no avanço da educação, distribuição de capital através do comércio, investimentos em outros empreendimentos ou acúmulo na poupança. No fim, a cultura brasileira apenas discrimina quem tem algo, pois assume que todos são corruptos ou ganharam algo de forma ilícita. Não é de se impressionar, visto que há um espólio legalizado há séculos, alto índice de corrupção, um Estado de Direito enfraquecido e fragilizado, o que extingue a esperança de que alguém dotado de conhecimento e ímpeto ao risco, de realizar qualquer tipo de empreendimento no Brasil.

Logo, a maioria da população utiliza o versículo bíblico que afirma que o dinheiro é a raiz de todos os males. Obviamente que esse o versículo bíblico sobre o dinheiro é mal interpretado, assim como diversas outros conceitos, pois a afirmação do escritor do livro de Timóteo, disse que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e não o dinheiro em si. Na obra de Ayn Rand, A revolta de Atlas, o personagem Antonio D’Aconia realiza um discurso sobre como o dinheiro é um fim, trata-se de um resultado da capacidade criativa do indivíduo de promover algo a alguém, e por isso, ele é recompensado. Aqueles que “demonizam” o dinheiro são os que entendem que se trata de um meio para conseguir o que querem, para subjugar outros ou porque merecem, pois são incapazes de realizar proezas com a própria inteligência ou razão. Esses são os que consomem tudo, como gafanhotos, que se apoiam nas benfeitorias sustentadas pelo dinheiro, no entanto, acusam os detentores de ganância e soberba. De luxúria e tantas outras balbúrdias, sendo que os próprios são os dominados pelo dinheiro e que tornaram-o seu próprio deus.

Logo, percebe-se que a falta de conhecimento sobre a criação do dinheiro e de fato, qual é seu papel nas relações comerciais entre os indivíduos, entende-se que não há maldade nisso. A realidade da maldade é falta de entendimento e conhecimento, porém, dos que conseguiram beber dessa fonte, sabem bem, que o dinheiro é sinônimo da principal e essencial capacidade humana, o ato da razão. E, portanto, a ausência da razão nos torna escravos do dinheiro, anula a capacidade de criar, de comercializar, de interagir e consequentemente, de sermos humanos. Por fim, a raiz de todos os males não é o dinheiro, se trata do homem irracional.

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