Os desastres naturais são eventos que tendem a ter um certo grau de imprevisibilidade e causam grande sofrimento e destruição. Recentemente, o Rio Grande do Sul foi palco de um desses episódios, deixando um rastro de devastação que exigiu respostas rápidas e eficientes.
Nesses momentos críticos, o questionamento que dá título ao presente artigo é respondido de forma evidente: não faltaram exemplos de iniciativas espontâneas para reunião de recursos, doações e voluntários para auxiliar as vítimas da tragédia. Restou evidenciado também que, embora o governo frequentemente seja visto como a principal fonte de socorro, a realidade demonstra que as doações privadas, oriundas da iniciativa individual e corporativa, são frequentemente mais céleres e eficientes no atendimento às populações afetadas.
Uma das principais vantagens das doações privadas é a velocidade com que elas podem ser mobilizadas. A burocracia governamental é notoriamente lenta. Processos administrativos, aprovações orçamentárias e a necessidade de coordenação entre diferentes níveis de governo podem atrasar significativamente a chegada da ajuda às vítimas. Em contraste, indivíduos e empresas privadas têm a capacidade de agir imediatamente. Eles podem fazer doações financeiras, oferecer recursos materiais e mobilizar voluntários sem as barreiras burocráticas que impedem a ação rápida do setor público.
Por exemplo, durante o recente desastre no Rio Grande do Sul, várias empresas e organizações não governamentais foram capazes de fornecer ajuda dentro de horas após a ocorrência do evento. Redes de supermercados locais organizaram campanhas de arrecadação de alimentos e itens de necessidade básica, enquanto plataformas online de crowdfunding permitiram que pessoas de todo o país contribuíssem financeiramente. Essa capacidade de resposta imediata pode ser a diferença entre a vida e a morte em situações de emergência.
Outro ponto forte das doações privadas é a flexibilidade. O auxílio governamental muitas vezes é limitado por regulamentos rígidos sobre como os fundos podem ser usados. Já os doadores privados, especialmente aqueles que atuam através de ONGs, podem adaptar suas ações às necessidades específicas e em constante mudança das comunidades afetadas. Isso permite uma abordagem mais personalizada e eficaz, que pode incluir desde a distribuição de suprimentos até a implementação de programas de reconstrução a longo prazo.
Empresas privadas também têm a capacidade de inovar. Elas podem usar tecnologias avançadas ou criar novas tecnologias (como as que foram criadas para permitir a flutuação dos resgatados) para melhorar a eficiência das operações de socorro. Drones, por exemplo, podem ser utilizados para mapear áreas afetadas e entregar suprimentos a locais inacessíveis por terra. Aplicativos de celular podem ser desenvolvidos para coordenar esforços de voluntários e conectar doadores diretamente com as necessidades das vítimas. Tais inovações são menos comuns no setor público, que tende a ser mais conservador e menos ágil na adoção de novas tecnologias.
A eficiência é outra vantagem significativa das doações privadas. ONGs geralmente operam com orçamentos apertados e são obrigadas a maximizar o impacto de cada real doado. Elas desenvolvem expertise em logística e administração de recursos que muitas vezes falta aos órgãos governamentais. Além disso, a transparência exigida pelos doadores privados impõe um nível de responsabilidade que nem sempre é observado no setor público.
Em tempos de desastre, a prioridade deve ser salvar vidas e aliviar o sofrimento o mais rapidamente possível. A análise dos recentes eventos no Rio Grande do Sul demonstra que as doações privadas têm um papel insubstituível nesse processo. Sua capacidade de agir rapidamente, adaptar-se às necessidades específicas e operar com alta eficiência faz com que sejam uma ferramenta poderosa no auxílio às vítimas de desastres.
A solidariedade e a iniciativa individual, livres das amarras da burocracia, podem prover um socorro mais humano e eficaz. A solidariedade não morreu, e nem precisa ser uma imposição por meio da expropriação coercitiva de parte do que o indivíduo produz.