Recentemente, um estudo realizado pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), em colaboração com a organização Endeavor, efetuou um mapeamento meticuloso para identificar as cidades brasileiras com o maior potencial empreendedor. Este levantamento, abrangendo 100 cidades do país, baseou-se em sete pilares fundamentais: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso ao capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Dentro deste panorama competitivo, a cidade de Vitória, no Espírito Santo, sobressaiu notavelmente, conquistando a 4ª posição geral, superada apenas por Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e São Paulo (SP). 

Este é o terceiro ano consecutivo em que a capital capixaba mantém esta honrosa classificação, o que evidencia sua consistência e relevância no ecossistema empreendedor nacional. Contudo, apesar desta posição encorajadora, existem desafios e obstáculos que requerem atenção e ação corretiva para fomentar ainda mais um ambiente de negócios favorável e propício. 

É crucial ressaltar que o ranking avalia cada um dos sete pilares tanto individualmente quanto em um contexto agregado. Em uma análise mais detalhada, percebe-se que, no que tange ao pilar de ambiente regulatório, Vitória já ocupou a 2ª posição entre as 100 cidades estudadas. No entanto, sua colocação sofreu uma queda acentuada para o 41º lugar no ano em questão. Esta regressão indica um aumento da burocracia por parte das entidades governamentais locais, tornando a cidade menos atraente para empreendedores e investidores.

Um dos maiores desafios enfrentados pela cidade, conforme destacado pelo estudo, reside no pilar de infraestrutura que Vitória ocupa a 89ª posição. Esta classificação leva em consideração fatores como transporte interurbano, conectividade rodoviária, proximidade de portos e a qualidade das condições urbanas. Apesar de Vitória possuir vantagens estruturais significativas, como abrigar o principal porto do estado e ter a capacidade de diversificar seu transporte interurbano, esforços insuficientes têm sido aplicados para tornar a infraestrutura urbana verdadeiramente atraente e eficiente. A problemática do transporte rodoviário, juntamente com a falta de diversidade nos meios de locomoção para acessar a cidade, representa um dos desafios mais críticos a serem superados.

No aspecto de mercado, Vitória mantém a 9ª posição, a mesma do ano anterior, enquanto Niterói lidera o ranking. Esta categoria analisa critérios como o ambiente competitivo, a existência de polos de atração para novos negócios, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as compras públicas e o alto PIB per capita. 

Essa manutenção de posição reflete uma estabilidade no ambiente de mercado da cidade, mas também sublinha a necessidade de iniciativas que possam impulsionar Vitória a uma posição de maior destaque em termos de atração de investimentos e desenvolvimento de novos negócios.

Embora o estudo aborde pilares como mercado, inovação e capital humano, há uma oportunidade perdida em não considerar a sustentabilidade ambiental e a inclusão social como pilares ou subpilares. Esses elementos são cada vez mais críticos para a viabilidade de longo prazo e a resiliência das cidades e de seus ecossistemas empreendedores, influenciando não apenas a atração de capital e talento, mas também a qualidade de vida e a coesão social.

Por fim, a cultura empreendedora é um pilar que merece um olhar mais detalhado e profundo. A avaliação desse aspecto poderia se beneficiar de uma abordagem mais qualitativa, que vá além de indicadores quantitativos e explore as narrativas, as histórias de sucesso e os desafios enfrentados pelos empreendedores locais.

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