Recentemente, uma conhecida me procurou para pedir orientações sobre investimentos. Durante a conversa, ela mencionou que queria abrir uma conta poupança para investir em planos futuros. Para mim, que passo a semana em reuniões com grandes investidores internacionais, aquilo foi um choque de realidade. Como, com todas as opções que temos disponíveis hoje em dia, as pessoas ainda abrem conta poupança? Essa experiência me fez refletir sobre a bolha em que vivo e a necessidade de educação financeira em nossa sociedade.

Embora existam muitas opções de investimentos mais rentáveis e de baixo risco no mercado, a poupança ainda é uma das formas preferidas de investimento no país. Segundo o Relatório Raio X do Investidor realizado pela Anbima, 68% dos brasileiros que investem aplicam na poupança e o estoque aplicado chega a quase R$ 1 trilhão. 

Ao mergulhar nos dados trazidos pelo relatório da Anbima, percebemos que na realidade quem investe em poupança ainda está “no lucro”, já que apenas 30% dos entrevistados conseguiram economizar durante 2023. Outro estudo, feito pelo Datafolha, revelou que quase 70% dos entrevistados não possuem nenhuma reserva de emergência, e apenas 12% têm uma reserva suficiente para manter o padrão de vida por pelo menos seis meses. 

A situação se torna ainda mais crítica quando consideramos que muitas famílias incluem apostas online em seus orçamentos, vendo isso como uma forma de investimento. O Relatório da Anbima revelou que duas em cada dez pessoas que apostam (22%) consideram as apostas uma forma de investimento financeiro. Esse índice chega a 25% entre os homens, o que evidencia uma compreensão distorcida sobre o que realmente constitui um investimento. Nessa mesma linha, recentemente o executivo de uma grande rede de supermercados apontou que as apostas esportivas têm consumido a renda de seus clientes e diminuído o volume de compras em supermercados. 

Dessa forma, a falta de conhecimento básico em finanças é um problema sério que precisa ser abordado com urgência. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda que a educação financeira comece o mais cedo possível, nas escolas, para formar uma sociedade com maior bem-estar econômico. A introdução de programas de educação sobre finanças nas escolas é um passo crucial para formar cidadãos mais conscientes e preparados para tomar melhores decisões. 

Promover a entrega acessível de conhecimento sobre finanças não só capacitará as pessoas a estarem mais preparadas para o futuro, mas também impulsionará o progresso econômico e social de nossa sociedade. Ao equipar os cidadãos com habilidades financeiras desde cedo, não apenas fortalecemos a estabilidade individual, mas também fomentamos um futuro mais próspero e promissor para todos.

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