Thomas Sowell: Common Sense in a Senseless World (sem tradução oficial no Brasil) é um documentário lançado em 2021 que explora a vida, as ideias e a influência do renomado economista e filósofo social Thomas Sowell. Narrado por Jason Riley, o filme não apenas apresenta a trajetória de Sowell, mas também mergulha profundamente em suas contribuições intelectuais, especialmente em relação a economia, política e questões raciais.
Thomas Sowell nasceu em 1930 na Carolina do Norte, em uma época em que a segregação racial estava em vigor nos Estados Unidos. Criado em Harlem, Nova York, após a morte de seus pais, Sowell enfrentou grandes dificuldades para concluir sua educação. Sua vida tomou um rumo inesperado ao ingressar no Corpo de Fuzileiros Navais durante a Guerra da Coreia, quando começou a se interessar por questões econômicas.
Após deixar o serviço militar, Sowell obteve sua graduação em economia em Harvard, seu mestrado em Columbia, e, finalmente, doutorado na Universidade de Chicago, onde estudou sob a orientação de Milton Friedman. A influência de Friedman foi crucial para que Sowell abandonasse as ideias marxistas, que havia abraçado durante sua juventude, e adotasse uma perspectiva econômica que defendia o livre mercado e a limitação da intervenção estatal.
O documentário demonstra como Sowell construiu uma carreira acadêmica de destaque, lecionando em universidades como Howard, Cornell e UCLA. No entanto, ele se tornou uma figura controversa devido às suas opiniões incisivas e, muitas vezes, contrárias ao mainstream acadêmico, especialmente em relação a questões raciais.
O documentário destaca essa faceta da vida de Sowell, mostrando como ele constantemente desafiava as narrativas predominantes, insistindo na importância dos dados empíricos e da lógica rigorosa.
Um dos pontos mais controversos abordados no documentário é a postura de Sowell em relação à discriminação racial e às políticas de ação afirmativa. Ele argumenta que essas políticas, embora bem-intencionadas, frequentemente perpetuam desigualdades e criam novas formas de discriminação.
Sowell acredita que as diferenças de resultados entre grupos raciais são mais bem explicadas por fatores culturais, históricos e comportamentais do que por discriminação sistêmica. Essa visão, embora polêmica, é apresentada no documentário com base em uma vasta quantidade de dados e análises, que Sowell desenvolveu ao longo de décadas de pesquisa, o que talvez explique a necessidade de se atacar a pessoa, na impossibilidade de se atacar o argumento.
O documentário também explora as principais ideias de Sowell sobre economia e sociedade, muitas das quais foram articuladas em suas obras mais conhecidas, como “Fatos e Falácias da Economia”.
Assim como no livro, no qual Sowell desmascara várias falácias econômicas amplamente aceitas, o documentário destaca sua crítica à ideia de soma zero, uma falácia central no discurso marxista, que sugere que o ganho de uma pessoa é necessariamente a perda de outra. Sowell argumenta que, em uma economia de mercado, as transações voluntárias são benéficas para ambas as partes envolvidas, o que torna o conceito de soma zero falacioso.
Ele explica que o acúmulo de riqueza em uma economia capitalista tende a beneficiar a sociedade como um todo, pois a riqueza gerada não é limitada, ao contrário do que muitas vezes se presume.
Outra falácia abordada por Sowell é a da composição, que é a crença de que o que é verdade para uma parte é automaticamente verdade para o todo. Essa falácia é frequentemente usada para justificar políticas que beneficiam grupos específicos, mas que ignoram os custos impostos ao restante da sociedade. O documentário mostra como Sowell expôs essas falácias ao longo de sua carreira, argumentando que a intervenção governamental muitas vezes gera consequências imprevistas e adversas, especialmente quando tenta controlar aspectos complexos da economia.
O documentário também explora a visão de Sowell sobre a pobreza no Terceiro Mundo. Ele rejeita explicações simplistas, como superpopulação ou herança colonial, para a pobreza persistente nesses países. Em vez disso, Sowell argumenta que a adoção de políticas populistas e a má gestão econômica são as principais razões para o subdesenvolvimento. Essa análise é apoiada por comparações entre países que adotaram diferentes modelos econômicos e os resultados que obtiveram.
Dessa forma o impacto de Thomas Sowell no debate público é inegável (prova disso é que seus seguidores, espontaneamente, legendaram o documentário para diversas línguas), e o documentário destaca como suas ideias influenciaram não apenas economistas e acadêmicos, mas também políticos e o público em geral.
Apesar de ter se aposentado da vida acadêmica, Sowell continuou a escrever e a contribuir para o debate público, sempre defendendo a importância de se basear em fatos e dados, em vez de narrativas populares ou ideologias. Sua insistência em seguir aonde as evidências o levavam, mesmo que isso significasse contrariar as opiniões predominantes, é apresentada como um exemplo de integridade intelectual.
Assim, Thomas Sowell: Common Sense in a Senseless World oferece uma visão abrangente e aprofundada de um dos pensadores mais importantes do nosso tempo. Para aqueles que, como eu, são liberais convictos, o documentário serve como uma poderosa reafirmação da importância do livre mercado, da responsabilidade individual e da análise crítica das políticas públicas.
Ele nos lembra que, em um mundo onde as emoções muitas vezes se sobrepõem à razão, é essencial que nos mantenhamos firmes na busca pela verdade, por mais impopular que ela possa ser.