A expressão latina “Libertas Quæ Sera Tamen“, traduzida como “Liberdade ainda que tardia”, é mais do que um mero lema inscrito na bandeira de Minas Gerais: é um grito que ressoa através dos séculos, ecoando a eterna busca do indivíduo por autonomia e liberdade. Originária do movimento da Inconfidência Mineira no século XVIII, essa frase continua a ter relevância nos debates contemporâneos sobre liberdade individual e o papel do Estado na vida dos cidadãos.

No contexto do Brasil colonial, Minas Gerais tornou-se o epicentro de um movimento que contestava a opressão fiscal e política imposta pela Coroa Portuguesa. A Inconfidência Mineira, liderada por figuras como Tiradentes, foi uma conspiração que buscava a independência e a formação de uma república. Embora o movimento tenha sido sufocado e seus líderes perseguidos, o ideal de liberdade permaneceu vivo.

Libertas Quæ Sera Tamen” foi adotado pelos inconfidentes como símbolo de sua luta. Representava a esperança de que, mesmo que a liberdade não fosse imediata, ela viria eventualmente. Esse lema encapsulava a determinação de um povo que, cansado de abusos e restrições, almejava construir uma sociedade baseada em princípios de liberdade e autonomia.

Séculos depois, a mensagem de “Libertas Quæ Sera Tamen” permanece atual. Governos ao redor do mundo expandem suas esferas de influência, muitas vezes em detrimento de liberdades individuais. A vigilância em massa, a regulação excessiva e a interferência nas escolhas individuais são alguns exemplos dessa atividade expansiva.

A redução da intervenção estatal é essencial para a preservação das liberdades individuais. Quando o Estado assume um papel demasiadamente intrusivo, corre-se o risco de limitar a capacidade dos indivíduos de tomarem decisões autônomas sobre suas vidas. A liberdade de expressão, de associação, de empreender e de viver conforme as próprias convicções são pilares fundamentais de uma sociedade livre.

Um aspecto central da redução da intervenção estatal é a promoção da liberdade econômica. Quando indivíduos e empresas têm a liberdade de operar sem entraves desnecessários, a economia tende a florescer. A competição saudável estimula a eficiência, a qualidade e a oferta de produtos e serviços que beneficiam toda a sociedade.

Políticas que incentivam o empreendedorismo, por meio da redução de impostos e da simplificação da abertura e operação de negócios são fundamentais. Elas não apenas empoderam os cidadãos, mas também contribuem para a geração de empregos e o crescimento econômico sustentável.

Apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito para concretizar plenamente o ideal de “Libertas Quæ Sera Tamen“. Questões como corrupção, ineficiência administrativa e expropriação coercitiva de riqueza pelo Estado persistem nos dias atuais. Além disso, novas ameaças surgem no cenário digital, local em que a privacidade e a liberdade estão sob constante ataque.

O legado dos inconfidentes nos lembra que a liberdade não é algo que nos é conferido de bom grado, mas sim uma luta contínua. Requer vigilância, participação ativa e a disposição de questionar e, se necessário, resistir a medidas que violam as liberdades individuais.

Liberdade ainda que tardia” não é apenas uma frase histórica; é um chamado à ação. Convida-nos a refletir sobre o tipo de sociedade que desejamos construir e o papel que cada um de nós desempenha nesse processo. Ao defendermos as liberdades individuais e promovermos a redução da intervenção estatal, estamos honrando aqueles que lutaram antes de nós.

Em um momento em que muitos se sentem desencantados com as instituições e inseguros quanto ao futuro, retornar aos fundamentos de “Libertas Quæ Sera Tamen” pode oferecer orientação e inspiração. A liberdade pode tardar, mas há de chegar.

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