Em uma viagem ao Caparaó, na subida pelo lado capixaba, tive a felicidade de encontrar um beija-flor-de-topete-verde. Uma ave maravilhosa, que sempre tive vontade de fotografar.
A história da foto
Porém, não vou começar pelo fim da história. Como minha coluna tem a ver com a aventura para registrar as maravilhas da natureza, tenho que contar do início.
O frio da madrugada no Caparaó não foi suficiente para apagar a chama da minha curiosidade e paixão pela fotografia de natureza.
A aventura começou com um convite do Instituto Marcos Daniel (IMD) para participar de uma expedição aberta ao Pico da Bandeira, a montanha mais alta do Espírito Santo.
“Simbora pro Parque”
A expedição era intitulada “Simbora pro Parque”, um projeto bem legal que eles desenvolvem para levar as pessoas para conhecerem as maravilhas dos parques capixabas.
![Marcelo Renan de Deus Santos contemplando a paisagem do vale no Caparaó.](https://www.folhavitoria.com.br/colunas/natureza-e-cultura/wp-content/uploads/2024/07/Pico_da_Bandeira_Caparao_2016_LeonardoMercon_005.jpg)
Marcelo Renan de Deus Santos, fundador do Instituto Marcos Daniel e um dos organizadores da expedição, contempla a paisagem do vale no Caparaó. | Foto: Leonardo Merçon
A companheira perfeita de aventuras
Minha esposa Ilka, sempre compreensiva com minhas peculiaridades fotográficas, aceitou não só a aventura da subida ao Pico da Bandeira, mas também teve a compreensão de que eu iria me divertir mais observando aves do que subindo até o topo da montanha.
![Ilka Westermeyer organizando suas coisas no camping para subir o Pico da Bandeira.](https://www.folhavitoria.com.br/colunas/natureza-e-cultura/wp-content/uploads/2024/07/EDIT_Caparao_2016-08-07-10-09-29_LeonardoMercon-e1720641354482-1024x770.jpg)
Minha companheira para todas as aventuras, Ilka Westermeyer, organizando suas coisas no camping antes de subir o Pico da Bandeira. | Foto: Leonardo Merçon
Eu já havia subido o Pico da Bandeira uma vez e, sinceramente, não estava ansioso para repetir a experiência.
Pedi para ela subir acompanhando o grupo guiado pelos amigos do IMD, enquanto eu iria subindo mais devagar e explorando a área e fotografando as aves que eu não havia parado para fotografar na primeira vez que fui ao pico.
“O que vale é a jornada!”
Para mim, o antigo ditado se aplica perfeitamente. Não fico ansioso para chegar ao fim das trilhas, mas sim esperançoso com o que vou encontrar durante o percurso.
Enquanto a turma da expedição começava a seguir seu caminho, desejei um bom passeio para minha esposa, que estava animada para subir a montanha com os novos amigos que fizemos no grupo.
Tentei voltar a dormir, mas a barraca estava mais fria do que a geladeira lá de casa. Com uma noite mal dormida, acordei bem cedo, com minha barraca coberta por uma fina camada de gelo. Decidi que era hora de me movimentar.
![campamento da casa queimada no Caparaó, base para a subida ao Pico da Bandeira.](https://www.folhavitoria.com.br/colunas/natureza-e-cultura/wp-content/uploads/2024/07/Pico_da_Bandeira_Caparao_2016_LeonardoMercon_003.jpg)
Acampamento da casa queimada, ponto de partida para a subida ao Pico da Bandeira. | Foto: Leonardo Merçon
Despertar da natureza
Conforme o sol nascia, comecei a caminhar, deixando que o calor de seus primeiros raios aquecesse meu corpo e minha alma. A natureza ao redor parecia despertar junto comigo.
Foi então, enquanto explorava a área, que ouvi um piado fino, típico dos beija-flores. Meu coração acelerou.
![Trilha para o Pico da Bandeira com acampamento ao fundo e turistas descendo. Na imagem é possivel ver a vegetação típica do local.](https://www.folhavitoria.com.br/colunas/natureza-e-cultura/wp-content/uploads/2024/07/Pico_da_Bandeira_Caparao_2016_LeonardoMercon_006.jpg)
Trilha para o Pico da Bandeira com o acampamento da casa queimada ao longe. Na imagem é possivel ver a vegetação típica do local. | Foto: Leonardo Merçon
O beija-flor-de-topete-verde
Segui o som com cuidado, e para minha surpresa, lá estava ele: o beija-flor-de-topete-verde, uma verdadeira joia pousada em um dos galhos da vegetação baixa, típica dos campos de altitude do Caparaó.
Ele ficou ali, sereno, permitindo que eu o fotografasse de perto. Suas cores vibrantes e o topete espetacular reluziam sob a luz suave da manhã.
Essa experiência foi um presente raro, pois o beija-flor-de-topete-verde possui uma distribuição limitada, sendo encontrado apenas em alguns locais específicos do Espírito Santo, como o Caparaó.
Poder registrar essa ave fascinante foi um privilégio, uma recompensa que só a paciência e o amor pela natureza podem proporcionar.
Curiosidades sobre o beija-flor-de-topete-verde
O beija-flor-de-topete-verde (Stephanoxis lalandi) mede cerca de 8,5 centímetros e se destaca pelo seu topete verde e pela faixa azul que se estende da garganta até o ventre.
Os machos exibem cores mais vibrantes, como esse que encontrei no Caparaó, enquanto as fêmeas possuem uma plumagem mais discreta.
Alimentando-se de néctar e pequenos insetos, eles são fundamentais para a polinização de diversas plantas.
A importância da conservação
Encontrar essa ave em seu habitat natural reforça a importância da conservação dos campos de altitude e das áreas de Mata Atlântica.
O Caparaó, com suas paisagens deslumbrantes e biodiversidade única, é um refúgio que precisa ser protegido. A fotografia de natureza não é apenas uma forma de capturar momentos belos, mas também uma ferramenta poderosa para sensibilizar e educar sobre a necessidade de preservação ambiental.
Convidando para a ação
Minha jornada como fotógrafo de natureza é repleta de momentos como esse, onde a paciência e a paixão se encontram para criar imagens que contam histórias e inspiram a conservação.
Convido você a conhecer mais sobre o beija-flor-de-topete-verde, o Caparaó, com o maravilhoso Pico da Bandeira e outras maravilhas da nossa biodiversidade.
Acompanhe meu trabalho e ajude a espalhar a mensagem da preservação. Se você é capixaba, mande essa maravilha do nosso Estado para seus amigos. Se você é de outros lugares, venha conhecer o Espírito Santo, você vai adorar nossas maravilhas naturais “Do mar à montanha em menos de 1 hora!” 💚
Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima aventura!
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Por Leonardo Merçon
![Leonardo Merçon, fotógrafo de natureza sorri enquanto um passaro chamado de "corrupião" ou "sofrê" pousa em sua câmera, interagindo com o fotógrafo.](https://www.folhavitoria.com.br/colunas/natureza-e-cultura/wp-content/uploads/2023/09/WhatsApp-Image-2023-07-14-at-14.23.33-300x300.jpeg)
Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, Mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, apaixonado pelo meio ambiente! Junte-se a mim nesta incrível jornada de descobertas sobre a vida selvagem e veja mais histórias lindas que vivo estando sempre explorando a natureza. 🌳 (Foto de makingof: Iago Bueno)