Fotos mostram o “povo manso da floresta”: os muriquis capixabas

Em 2016, fui convidado pelo professor Sérgio Lucena para registrar uma ação para a conservação dos muriquis-do-norte no Espírito Santo. Participei da translocação de uma fêmea de muriqui, fotografando momentos únicos que destacam a importância da conservação dessas espécies ameaçadas. Entre os cliques mais marcantes estão uma mãe muriqui carregando seu filhote e um encontro pacífico entre um muriqui e um bugio. Convido você a conhecer mais sobre esses primatas fascinantes e a apoiar a conservação da Mata Atlântica.

22 de maio de 2024
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A Missão Fotográfica

Em 2016, recebi um convite inusitado que me renderia uma das histórias mais interessantes que já tive com a natureza. Fotografar os muriquis-do-norte no Espírito Santo!

Muriqui-do-norte com filhote nas costas passando por uma embaúba enquanto um bugio observa.

Muriqui-do-norte com seu filhote passa por um bugio tranquilo em uma embaúba. | Foto: Leonardo Merçon.

O cientista Sérgio Lucena, do Projeto Muriqui do Espírito Santo, me pediu para registrar em fotografias e vídeos uma ação crucial para a conservação dos muriquis-do-norte, os maiores primatas das Américas. 

A missão? Translocar uma fêmea de muriqui de um fragmento de floresta para outro, sem conexão entre eles.

O Primeiro Contato

Quando aceitei a missão, confesso que estava cético. Capturar um primata e transferi-lo para outro local parecia uma intervenção drástica. 

No entanto, aprendi que, para os muriquis, essas translocações são vitais em áreas que são muito degradadas e sem conexão entre si. 

Em suas sociedades matriarcais, as fêmeas migram para novos grupos ao atingirem a maturidade reprodutiva, assegurando a diversidade genética. 

Mamãe muriqui-do-norte sentada em um galho com seu filhotinho olhando para a câmera.

Mamãe muriqui-do-norte sentada no galho enquanto seu filhotinho olha para a câmera. | Foto: Leonardo Merçon.

Contudo, a fragmentação da Mata Atlântica impediu essas migrações naturais, deixando muitas fêmeas vagando sozinhas, geneticamente perdidas.

Entre Árvores e Emoções

Participei da captura e translocação de uma dessas fêmeas. A operação exigiu precisão e cuidado, com uma equipe profissional e dedicada. 

As fotos que ilustram esta matéria são de muriquis que habitam um fragmento de floresta em Santa Maria de Jetibá, aqui no Espírito Santo. 

Durante dias, acompanhamos esses primatas, observando e fotografando seus comportamentos únicos.

Muriqui-do-norte jovem na copa das árvores, olhando para a câmera, enquanto sua mãe se distrai com algo no lado oposto.

Um jovem muriqui-do-norte observa a câmera enquanto sua mãe se distrai. | Foto: Leonardo Merçon.

Um Momento Inesquecível

Uma das minhas fotografias favoritas é de uma mãe muriqui atravessando uma estrada sobre uma grande embaúba, carregando seu filhote nas costas. 

Mamãe muriqui-do-norte atravessando uma embaúba com seu filhotinho nas costas.

Mamãe muriqui-do-norte atravessa uma embaúba com seu filhote nas costas. | Foto: Leonardo Merçon.

Outra imagem marcante foi a de um muriqui comendo uma flor rosa de uma Tibouchina, destacando a delicadeza e a importância ecológica dessas interações.

Muriqui-do-norte comendo uma flor rosa de uma árvore Tibouchina florida.

Muriqui-do-norte desfrutando de uma flor rosa de uma Tibouchina. | Foto: Leonardo Merçon.

Encontro Inusitado

Nessa mesma ocasião singular, na qual tanta coisa aconteceu, também testemunhei um muriqui e um bugio dividindo a mesma árvore. 

Esperei um conflito, mas os dois primatas seguiram seus caminhos pacificamente, reforçando o apelido “Povo manso da floresta” para os muriquis.

Muriqui-do-norte e bugio na mesma árvore, ambos se movimentando sem confronto.

Muriqui-do-norte e bugio compartilham uma embaúba, cada um se movimentando em seu próprio ritmo. | Foto: Leonardo Merçon.

Missão cumprida

No final na história, a muriqui fêmea selecionada, chamada de “Mica”, foi translocada com sucesso para uma nova área com um grupo saudável de muriquis da mesma espécie. Torço para que o resultado tenha sido benéfico e que a Mica tenha conseguido reproduzir.

Equipe de biólogos e veterinários cuidando da muriqui-do-norte Mica antes de levá-la para a nova área.

Biólogos e veterinários cuidando da muriqui-do-norte Mica antes da translocação. | Foto: Leonardo Merçon.

Biólogo do Projeto Muriqui analisa as mãos da fêmea de muriqui-do-norte.

Biólogo analisa as mãos da fêmea de muriqui-do-norte. | Foto: Leonardo Merçon.

Muriqui-do-norte Mica recebendo cuidados veterinários após ser capturada e antes de ser solta na nova localidade.

Muriqui-do-norte Mica recebendo cuidados veterinários antes da translocação. | Foto: Leonardo Merçon.

Equipe que participou da captura e translocação do muriqui-do-norte.

Equipe que participou da captura e translocação do muriqui-do-norte. Da esqueda para a direita estão Marcos Pereira, André Lana, Rogério Ribeiro, Paulo Mangini, Luiz Son, Leonardo Merçon, Sergio Lucena e Cintia Corcini | Foto: Leonardo Merçon.

Um Chamado à Ação

Meu encontro com os muriquis-do-norte foi uma experiência transformadora. Cada fotografia conta uma história de resiliência, beleza e a urgência de conservação desses animais fascinantes. 

Convido você a conhecer mais sobre esses primatas fascinantes e a apoiar a conservação da Mata Atlântica. 

Acompanhe meu trabalho e me ajude a usar a fotografia como uma ferramenta de sensibilização ambiental. 

Comente, curta e compartilhe para que mais pessoas se juntem a esta causa.

* O Projeto Muriqui -ES era realizado pelo Ipema e UFES.

Espero que tenham gostado de mais essa história. Te vejo na próxima aventura!

Leonardo Merçon, fotógrafo de natureza sorri enquanto um passaro chamado de "corrupião" ou "sofrê" pousa em sua câmera, interagindo com o fotógrafo.

Foto: Iago Bueno

Por Leonardo Merçon

Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, apaixonado pelo meio ambiente!

Junte-se a mim nesta incrível jornada de descobertas sobre a vida selvagem e veja mais histórias lindas que vivo estando sempre explorando a natureza. 🌳


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