* Continuação da matéria da semana passada.
Dez anos depois
Recentemente, retornei ao Instituto Terra e vi uma transformação impressionante. As matas regeneradas abrigam agora não apenas jaguatiricas, mas também onças-pardas e lobos-guarás.
Esses predadores de topo de cadeia alimentar são indicadores poderosos da saúde do ecossistema
A continuação da história da jaguatirica
Há dez anos, em uma noite de 2011, minha vida como fotógrafo de natureza mudou. Recebi o desafio de fotografar uma jaguatirica no Instituto Terra, em Aimorés, Minas Gerais, um local dedicado à recuperação ambiental.
A missão, encomendada pelo renomado fotógrafo Sebastião Salgado, exigia um estúdio fotográfico noturno improvisado no coração da floresta.
Com a ajuda de amigos voluntários, montamos o que carinhosamente chamamos de “Parafernália Fotográfica Noturna” (PFN).
Nossas noites foram preenchidas por vigílias ansiosas, calor, mosquitos e carrapatos, mas finalmente, conseguimos capturar uma imagem linda da jaguatirica.
A evolução da floresta
Minha jornada recente no Instituto, entre 2019 e 2022, foi para captar imagens para a série da BBC “Green Planet”, na qual trabalhei como produtor local e cinegrafista.
Trabalhar em um projeto ao lado de figuras inspiradoras como Sir David Attenborough foi uma honra imensa.
No episódio 5 da série “Green Planet”, minhas imagens destacam a incrível resiliência da fauna e flora locais.
Durante dois anos de monitoramento intensivo, registrei imagens inéditas de onças-pardas e lobos-guarás, desde mães com filhotes até casais em rituais de acasalamento, mostrando que eram residentes do Instituto Terra. Uma grande notícia… a restauração florestal está funcionando!
As estrelas da recuperação
A presença dessas espécies é um testemunho da eficácia do trabalho de reflorestamento e conservação. As onças-pardas (Puma concolor) são animais solitários e noturnos, símbolos de força e adaptabilidade. Já os lobos-guarás (Chrysocyon brachyurus), com suas longas pernas e pelagem alaranjada, são os maiores canídeos da América do Sul, conhecidos por sua dieta variada e papel crucial na dispersão de sementes.
Fotografando a evolução
Capturar essas imagens exigiu paciência e criatividade. Rodei bastante aquelas estradas empoeiradas e montei armadilhas fotográficas em locais estratégicos, muitas vezes camuflando equipamentos em meio à vegetação.
Cada clique da câmera revelava não apenas a beleza dos animais, mas também a história de um ecossistema em recuperação.
No decorrer desses dois anos registrando o Instituto Terra, também conseguimos encontrar animais lindíssimos, incluindo tamanduás, bugios, papagaios e o delicado mergulhão-pequeno em seu ninho. Uma verdadeira festa para um fotógrafo de natureza como eu.
O Instituto Terra: Um refúgio de vida
Fundado por Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado, o Instituto Terra transformou uma fazenda de gado degradada em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Com o plantio de milhões de mudas de árvores nativas, o Instituto revitalizou centenas de hectares de Mata Atlântica. Projetos de restauração florestal, educação ambiental e pesquisa científica continuam a expandir o impacto positivo dessa iniciativa.
Um convite à ação
Convido todos a conhecerem mais sobre o Instituto Terra e a se envolverem na causa da conservação ambiental.
Convido também a explorar mais o mundo natural e também darem uma olhada em minhas fotografias. Compartilhe, comente e apoie a iniciativa de utilizar a fotografia como ferramenta de sensibilização.
Juntos, podemos fazer a diferença e garantir que histórias como a da jaguatirica e das onças-pardas continuem a ser contadas.
A natureza é resiliente e, com nosso apoio, ela pode florescer ainda mais.
Espero que tenham gostado de mais essa história. Te vejo na próxima aventura!
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Por Leonardo Merçon