Fotos mostram o incrível veado selvagem no Parque Paulo Cesar Vinha

Em 2004, Leonardo Merçon iniciou uma jornada para registrar a beleza selvagem do Espírito Santo, registrando em 2007 o evasivo veado-catingueiro no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha. Com a ajuda dos moradores locais e muita perseverança, Leonardo conseguiu fotografar o animal em meio ao capim dourado do brejo herbáceo. Esta imagem abriu portas e corações, permitindo a publicação do seu primeiro livro. Ao longo dos anos, suas fotos contribuíram para diversas causas ambientais, sensibilizando e mobilizando esforços de conservação. Conheça essa história inspiradora e a importância da fotografia para a preservação da natureza.

15 de maio de 2024
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Encontro com um “Fantasma” da Restinga. Com essa missão começou a minha minha jornada para fotografar o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, em Guarapari. O encontro cara a cara com esse ser maravilhoso da foto abaixo é uma das histórias que adoro contar.

Fotografia de um veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, capturado em meio ao capim dourado do brejo herbáceo. A imagem ilustra a beleza e a raridade dessa espécie na matéria sobre conservação ambiental.

Veado-catingueiro registrado no ano de 2006, em um momento especial, em meio ao capim-dourado no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha. | Foto: Leonardo Merçon

Em 2006, iniciei um caminho que parecia impossível: registrar a beleza selvagem do Espírito Santo. 

Naquela época, a fotografia de natureza era um campo pouco explorado na região. 

Poucos se arriscavam a trabalhar com algo tão incerto, preferindo a segurança de áreas já aceitas da fotografia, como eventos e casamentos. Inclusive, fotógrafos que eu tinha como inspiração, deixaram a fotografia de natureza em stand-by para trilhar caminhos mais rentáveis. 

Mas, para mim, a natureza sempre foi um chamado irresistível. Tinha que tentar realizar o sonho de trabalhar com o que amava. 

Afinal, se no mundo alguns poucos haviam conseguido, coloquei na minha cabeça que eu também conseguiria, mesmo que o caminho fosse tortuoso e desafiador.

O Desafio da Restinga

O Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, com suas variadas paisagens e fauna esquiva, se tornou meu laboratório e minha sala de aula. 

Imagem do brejo herbáceo no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, onde foi capturada a foto do veado-catingueiro, utilizada para ilustrar o habitat do animal na matéria sobre conservação ambiental.

O brejo herbáceo no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, habitat do veado-catingueiro. | Foto: Leonardo Merçon

 

Imagem aérea do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, destacando a Lagoa de Caraís, utilizada para ilustrar a beleza e a biodiversidade do parque na matéria sobre conservação ambiental.

Vista aérea da Lagoa de Caraís no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, destacando a paisagem única do local. | Foto: Leonardo Merçon

A missão? Dentre os objetivos, coloquei como meta fotografar o evasivo veado-catingueiro, um verdadeiro fantasma nas matas de restinga. 

Com a ajuda dos moradores locais, comecei a entender os padrões de comportamento desses animais. 

Sempre víamos pegadinhas de vários animais nas trilhas do parque. Uma delas eram as pegadas dos veados, que devido à grande pressão de caça ilegal na região, eram muito arredios e quase não eram vistos, muito menos fotografados. 

Passávamos por uma época (2003 a 2007) de transição entre as câmeras analógicas para as digitais no brasil e sem câmeras razoáveis nos celulares. Tornando esse tipo de registro quase que exclusivo para quem tivesse a oportunidade de utilizar uma câmera profissional.

Fotografia de Leonardo Merçon, mais jovem, sentado no brejo herbáceo após registrar o veado-catingueiro, segurando um celular de flip com teclado analógico.

Leonardo Merçon, mais jovem, sentado no brejo herbáceo após registrar o veado-catingueiro, com um celular de flip com teclado analógico em mãos. | Foto: Leonardo Merçon

Dias de Vigília

Com uma barraca camuflada de PVC e tecido verde, passei horas intermináveis esperando no brejo herbáceo. 

Imagem da barraca camuflada montada no início do brejo herbáceo no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, utilizada para ilustrar os preparativos e os desafios da fotografia de natureza.

Barraca camuflada construída com a ajuda do parceiro Joarley Rodrigues, montada no brejo herbáceo do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha. | Foto: Leonardo Merçon

Minha companhia era meu irmão Felipe, que me ajudava a manter a vigília e a esperança. 

Naquela época, os equipamentos e material de pesquisa sobre as técnicas fotográficas para registros de natureza eram escassos por aqui. A internet não passava de um grande banco de dados de sites de empresas e compras pela internet não eram comuns (impossíveis para mim). Itens como armadilhas fotográficas ou barracas camufladas eram apenas sonhos de consumo.

Então, como minha premissa sempre que encontro um obstáculo é buscar soluções, tive que inventar algumas técnicas para testar. 

A dica de que os veados, em determinadas condições climáticas, saíam da mata seca de restinga e passavam pelo brejo herbáceo em direção à praia, nos levou a montar nossa tenda camuflada em um local estratégico, próximo das trilhas de animais visíveis no capim dourado. Fiquei muitas noites em vigília, aguardando pacientemente.

O Momento Mágico

O crepúsculo já estava claro, mas o sol ainda não havia nascido. No horizonte, um pequeno veado-catingueiro surgiu, movendo-se cautelosamente. 

Minha câmera, com uma lente tele não ideal para baixa luz, estava pronta. No primeiro clique, o veado me olhou diretamente, criando um momento eterno capturado em uma fração de segundo. 

A qualidade da luz era horrível, mas a magia do momento compensava qualquer imperfeição técnica. Mesmo sem luz, preferi garantir o registro. Ironicamente, 5 minutos após a passagem do animal, aqueles raios de sol lindos que eu tanto senti falta no momento do clique, preencheram a cena. 

Então, como já aconteceu comigo milhares de vezes nesses meus 20 anos de profissão, tive que lidar com mais uma das frustrações tão comuns na vida de um fotógrafo de natureza. 

Aguardamos mais algumas horas dentro da barraca e outro indivíduo passou, rendendo mais algumas fotos, mas aquela primeira imagem, com o olhar curioso e atento do veado, ficou marcada para sempre.

Fotografia de um veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, mostrando a paisagem do brejo herbáceo.

Veado-catingueiro atravessando o brejo herbáceo no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, destacando a paisagem característica do local. | Foto: Leonardo Merçon

 

Fotografia de um veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, mostrando o animal em detalhe.

Veado-catingueiro no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, capturado em um momento de curiosidade e atenção. | Foto: Leonardo Merçon

A Conquista

Essa foto abriu portas e corações, permitindo a publicação do meu primeiro livro e com uma luta de décadas, ajudando a estabelecer um mercado para a fotografia de natureza no Espírito Santo. 

Com essas imagens, consegui publicar o livro, que foi muito bem recebido. Naquela época, fazer esse tipo de foto tinha uma complexidade maior. Hoje, com a melhora das câmeras e outros equipamentos e a maior quantidade de fotógrafos, registros como os dessa matéria se tornaram mais comuns. 

No entanto, o valor dessas imagens ainda é grande, pois representam momentos mágicos de interação com a natureza. São peças importantes no arquivo da memória da biodiversidade capixaba. 

O Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, por vezes, ainda hoje utiliza essas fotografias para suas atividades de sensibilização ambiental.

O Impacto da Fotografia na Conservação

Ao longo dos anos, minhas fotografias contribuíram para diversas causas ambientais, ajudando a sensibilizar e mobilizar esforços de conservação. 

Consegui ajudar a fortalecer um mercado para a fotografia de natureza no Espírito Santo e, ao mesmo tempo, apoiar dezenas de causas ambientais, instituições e projetos de conservação no processo. 

Tenho muito orgulho de ter colaborado com a grande parte das iniciativas de conservação da natureza no Espírito Santo.

Convite para a Ação

Se minhas imagens e histórias já tocaram sua vida de alguma forma, eu gostaria de saber. Deixe um comentário, curta ou compartilhe com aqueles que podem se interessar. 

Vamos continuar essa jornada utilizando a fotografia para inspirar e preservar nosso mundo natural. 

Conheça mais sobre meu trabalho e como a fotografia pode ser uma ferramenta de mudança. 

Sua participação é essencial para continuarmos protegendo e celebrando a natureza.

Espero que tenham gostado de mais essa história. Te vejo na próxima aventura!

Leonardo Merçon, fotógrafo de natureza sorri enquanto um passaro chamado de "corrupião" ou "sofrê" pousa em sua câmera, interagindo com o fotógrafo.

Foto: Iago Bueno

Por Leonardo Merçon

Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, apaixonado pelo meio ambiente!

Junte-se a mim nesta incrível jornada de descobertas sobre a vida selvagem e veja mais histórias lindas que vivo estando sempre explorando a natureza. 🌳


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