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Saúde em Fórum

por Dra. Alice Sarcinelli

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Residência médica no Espírito Santo anda na contramão das necessidades do mercado

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Em alta no Espírito Santo, com bom desempenho no Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, setor de Saúde impulsiona procura dos jovens pelo ingresso no curso de Medicina. Entretanto, o Estado, cuja Capital tem a maior concentração de médicos do país, apresenta a menor razão de médicos residentes  a cada 100.00 habitantes do Sudeste (16,53%).  Compatibilizar a oferta de residência com o aumento de novos médicos que vão demandar formação especializada nos próximos anos, em função do aumento de egressos da graduação, é urgente no Estado, assim como o estudo de medidas que podem ser implementadas por gestores de residência médica.

Expectativa x realidade

Mais médicos e menos vagas no mercado

Vitória é uma capital cujo Produto Interno Bruto (PIB) é movimentado pelo setor de serviços. Para se ter uma ideia, dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, no Estado, esse setor teve uma alta de +7,6% no último trimestre de 2023, em relação ao trimestre anterior. Entre os serviços profissionais que se destacam está o da Saúde. As perspectivas são de cada vez mais oportunidades na área. Dessa forma, cria-se a expectativa e uma atração de muitos jovens para a área médica. A grande procura pelo vestibular de Medicina comprova essa informação. Vale salientar que Vitória, segundo dados divulgados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) este ano, registra a maior densidade de médicos no país em um total de 18,68 médicos por mil habitantes. No Brasil, este número é de 2,81 médicos por mil habitantes, também a maior já registrada e que coloca a Nação à frente dos Estados Unidos, Japão e China. “O Estado possui, de fato, um grande número de vagas para Medicina. São cerca de 800 nas faculdades, entre particulares e a Ufes. A procura pelo curso de Medicina tem aumentado bastante, mas a concorrência reduziu. O que não quer dizer que diminuiu o número de interessados pelo curso. Caiu a relação candidato-vaga, porque aumentou o número de vagas ofertadas. Mas ainda há um contingente muito grande de estudantes interessados em Medicina”, avalia Michel Lemos Batista, professor de Biologia e coordenador do Ensino Médio da Escola Americana de Vitória e professor de Biologia e diretor do Mendel Cursos. Mas e depois de formado? Existem vagas suficientes para esses novos médicos que chegam ao mercado de trabalho se especializarem? A análise da evolução da oferta de formação médica especializada é uma ferramenta útil para o planejamento e projeção do número de especialistas com os quais o sistema de saúde brasileiro poderá contar. Segundo análise, de 2023, da Associação Médica Brasileira, em função da intensa abertura de cursos de medicina, as vagas de residência não têm sido suficientes para formar especialistas em quantidade equivalente aos novos registros de médicos formados no ano anterior. Os dados indicam que 41.853 médicos cursaram residência médica, representando cerca de 8% do total de médicos em atividade no país. A região Sudeste concentrava 56,1% dos médicos residentes, seguida pelas regiões Nordeste (16,7%) e Sul (16,1%). Centro-Oeste (7,5%) e Norte (3,6%) têm as menores proporções de residentes. O estado de São Paulo concentra um terço (33,3%) de todos os residentes, seguido por Minas Gerais (11,1%), Rio de Janeiro (10,0%) e Rio Grande do Sul (7,1%). Já o Espírito Santo, contava apenas com 1,6% dos residentes. "Depois de formado já é mais complicado, até porque não há vagas suficientes, aqui no Estado, para residência médica comparado às vagas de graduação. São mais de 800 vagas por ano de graduação e as de residência não chegam nem a 30% desse total. Então, obrigatoriamente, esses profissionais têm que buscar outros mercados e até algumas especialidades que não existem aqui. Muitos vão para São Paulo, por exemplo, pois no Espírito Santo não há vagas suficientes para atender a todos", destaca Batista. Mesmo cientes da não obrigatoriedade da residência para exercer a medicina no Brasil, e de que muitos médicos adiam a entrada ou decidem não cursá-la, e ainda de que muitos preferem atuar como generalistas ou buscam outra modalidade de formação especializada, o Espírito Santo não pode deixar de olhar para seus números e se preparar para os entraves do presente e futuro. Compatibilizar a oferta de residência com o aumento de novos médicos que demandarão formação especializada nos próximos anos, em função do aumento de egressos da graduação, é urgente no Estado, assim como o estudo de medidas que podem ser implementadas por gestores de residência médica.