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Saúde em Fórum

por Dra. Alice Sarcinelli

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Desafios de mercado na Capital nacional de médicos

Publicado em .

Por mais um ano seguido, Vitória lidera o ranking de cidades com a maior concentração de médicos do Brasil . Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), na Capital, há em média 18,7 médicos para cada mil habitantes. Como se diferenciar e ter sucesso em um mercado tão competitivo?

Desafios de um mercado em expansão

Vitória é uma cidade em que a concentração de profissionais de alta renda faz dos serviços a  vocação econômica, dentre eles os serviços de saúde. Segundo levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em março deste ano, Vitória é a capital com a maior concentração de médicos do Brasil, país que tem 575.930 médicos ativos. Em média, são 18,7 médicos para cada grupo de mil habitantes, bem maior que a segunda colocada, Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com 11, 8. Essa concentração é um retrato local do que acontece no país como um todo, no qual a quantidade de médicos dobrou desde 2000. Em 2010 a razão brasileira de médicos por 1.000 habitantes era de 1,63; passando para 2,6 em 2010; 2,81 em 2023; com previsão de alcançar 4,43 em 2035. A pesquisa aponta que esse cenário foi impulsionado pela oferta  crescente de vagas de graduação em medicina e da demanda por serviços de saúde, mas o que será que esses dados realmente significam na prática? Análises da Associação Médica Brasileira destacam que, além da alta concentração profissional não necessariamente se refletir positivamente na saúde da população, sendo desequilíbrio entre provisão de profissionais e necessidades dos sistemas de saúde e das populações um problema mundial em todo setor da saúde, no Brasil, os profissionais estão mal distribuídos geograficamente e também entre os setores público e privado. Os diferentes tipos de serviços de saúde e os níveis de atenção primária, ambulatorial e hospitalar concentrados se configuram como um desafio de mercado aos profissionais. A análise desse cenário pode viabilizar estratégias de ensino a serem inseridas ainda durante a formação profissional que visem e atenuá-las.

O Ensino além da técnica

Faz-se, portanto, necessário atentar para este cenário já na formação dos futuros profissionais, ainda durante a graduação, inserindo estratégias de ensino voltadas para análise de mercado, gestão de carreira e negócios, a serem aplicadas ainda durante a formação profissional que visem e atenuar tais desafios, munindo o profissional de ferramentas que permitam transpor tais dificuldades. Para além da formação técnica de excelência, pressuposto básico de qualquer curso ativo reconhecido e avaliado pelo Ministério da Educação, é preciso inserir conhecimentos sobre mercado e gestão, atentando para tendências atuais como as startups de saúde (healthtecs). Elaborar currículos que estimulem as habilidades colaborativas também é fundamental. Segundo Satya Nadella, “Estamos vivendo em uma era em que a colaboração e a conexão são fundamentais para o sucesso em qualquer setor. O poder não está mais concentrado nas mãos de alguns poucos, mas sim distribuído em redes dinâmicas e complexas. Para prosperar em um ambiente assim, precisamos enxergar o valor não como algo que pode ser extraído, mas sim como um ativo que pode ser compartilhado e ampliado através da colaboração. É preciso adotar uma abordagem que valorize a integração e a interdependência, em vez da competição e da fragmentação. Em resumo, precisamos de uma estratégia de ecossistema que nos permita agregar valor e contribuir para o bem-estar coletivo”, reflete.