Brasil tem o segundo maior número de cesáreas no mundo e Espírito Santo acompanha tendência
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O Brasil apresenta alto índice de cesarianas e, no setor privado, a situação é ainda mais alarmante. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cesariana é realizada em 57% dos nascimentos, sendo que, no setor privado, o valor é de 88%. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que somente 15% dos partos sejam realizados por meio desse procedimento cirúrgico.
O Brasil está no ranking de país com o segundo maior número de cesáreas do mundo, ficando atrás apenas da República Dominicana. Cerca de três milhões de partos acontecem anualmente no Brasil, desse total, um milhão 680 mil são cesáreas; 870 mil delas são feitas anualmente sem uma verdadeira indicação cirúrgica. No SUS, o número de cesáreas tem crescido e diversos fatores contribuem para essa realidade, apesar de as taxas serem menores: em geral, 44,2%. Entre os fatores que influenciam a cirurgia estão: profissional que está no plantão, horário deste (se é diurno ou noturno), se ocorre no final de semana ou durante a mesma.
No Espírito Santo, a situação reflete a tendência nacional, com taxas de cesarianas também elevadas. Estima-se que, em 2023, cerca de 58% dos partos no estado foram realizados por cesariana, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Essa alta incidência deve-se a diversos fatores, incluindo preferências culturais, questões médicas e a infraestrutura dos serviços de saúde disponíveis.
A alta taxa de cesarianas no Brasil e no Espírito Santo revela a necessidade de uma abordagem mais equilibrada, que leve em conta tanto as necessidades médicas quanto as melhores práticas recomendadas por órgãos internacionais de saúde. Investir em campanhas de conscientização sobre os benefícios do parto normal e melhorar a infraestrutura para partos humanizados são passos fundamentais para alcançar uma taxa de cesarianas mais alinhada às recomendações da OMS, ao mesmo tempo que se controla os custos associados e se promove a saúde materna e infantil.
Com esses dados, é evidente que uma mudança de paradigma é necessária para equilibrar as práticas obstétricas, garantir a sustentabilidade do sistema de saúde e, principalmente, assegurar o bem-estar das mães e dos recém-nascidos.
Nesse contexto, dar segurança a partir de informações para as famílias, é fundamental. As gestantes têm diversas dúvidas sobre o parto: Quanto tempo pode demorar um trabalho de parto? Por quanto tempo o bebê é capaz de esperar? É possível minimizar a dor? De acordo com a ginecologista Eloísa Leite, obstetra do Vitória Apart Hospital, essas costumam ser as maiores dúvidas das gestantes com relação ao parto. “O medo para o parto é minimizado com conhecimento. Muitas mulheres me questionam se vão conseguir ter o parto normal. Elas têm medo de ficar muito tempo em trabalho de parto e evoluir para cesárea, mas explico que independentemente do tipo de parto, a trajetória do trabalho de parto é muito importante para o bebê”, afirma.
Eloísa explica que mesmo em um trabalho de parto longo, garantir a saúde do bebê e da mãe é prioridade. “Sobre o medo de sofrimento fetal durante o trabalho de parto, é importante dizer que há meios de monitorar a vitalidade fetal durante todo o processo do trabalho de parto. E para quem tem medo da dor, existe equipe de anestesia de plantão 24 horas, aptos para fazer um excelente trabalho e minimizar a dor”, esclarece.