A estratégia da Bluzz para alcançar clientes
O médico Márcio de Oliveira Almeida, que esteve à frente da Unimed Vitória entre 2011 e 2019, anuncia com um conjunto de sócios e investidores a nova operadora de saúde capixaba, a Bluzz. Ele compôs também a diretoria na Unimed Seguros Nacional entre 2021 e 2023.
Com um conceito inovador voltado à prevenção e promoção da saúde, a operadora chega à Grande Vitória trazendo uma proposta focada em longevidade e qualidade de vida.
A Bluzz aposta na Atenção Primária à Saúde (APS) como eixo central de suas operações a fim de promover o bem-estar dos seus beneficiários por meio da prevenção de doenças e incentivo a hábitos saudáveis.
De acordo com Márcio Almeida, representante da Bluzz, o objetivo da operadora é transformar como as pessoas interagem com o sistema de saúde.
“Nossa missão é promover a prevenção e o bem-estar dos nossos clientes, indo muito além do tratamento de doenças. O usuário não é apenas mais um cliente, é parte da nossa comunidade. Juntos, vamos construir um futuro mais saudável, onde a prevenção é a chave para uma vida plena e feliz”, afirma Almeida, que há cinco anos atua com sua empresa de consultoria Visão, direcionando estratégias a diversas empresas do setor da saúde no Estado.
Além disso, conforme explica Márcio, a Bluzz está desenvolvendo uma jornada mais digital, para que seus clientes resolvam questões burocráticas de forma totalmente online. A operadora oferece atendimento por teleconsulta, autorização de procedimentos de maneira simplificada e pronto atendimento virtual 24 horas. Os resultados de exames podem ser enviados diretamente pelo WhatsApp tanto para o médico quanto para a enfermeira responsável pela gestão do cuidado, proporcionando agilidade e conveniência no acompanhamento da saúde.
OCEANO AZUL OU VERMELHO?
Dados da saúde suplementar no Espírito Santo, divulgados na última segunda-feira dia 23, no Panorama da Saúde 2020-2024 Conncet Fecomércio, demonstram que a taxa de cobertura de planos de assistência médica no Espírito Santo é de 36,2%, acima da média nacional de 23%.
Uma das razões possíveis para esse crescimento, apontada pelos pesquisadores, pode ter sido o aumento do número de empregos formais registrados no estado entre os anos de 2020 e 2023 e, consequente oferta de planos de saúde como parte dos benefícios das empresas para seus funcionários, destacando que cerca de 70% dos empregos formais gerados no Espírito Santo são dos setores de comércio e de bens e serviços.
Ainda segundo o Panorama, em relação aos planos de assistência médica, cerca de 45% são cooperativas médicas e 40% são medicina de grupo. Segundo a última atualização dos dados da ANS, em abril de 2024, o Espírito Santo conta com 36 operadoras ativas.
A taxa de cobertura de planos de assistência médica, calculada dividindo o número de beneficiários pelo total de habitantes é de 36,2%. O percentual, para planos de assistência médica, está acima da média nacional (23%). A capital Vitória apresenta a maior taxa de cobertura (61%) de beneficiários com planos de saúde, dentre todas as capitais do país.
A referida taxa sofre grande influência da economia, ou seja, locais com economias mais fortes e maior renda per capita tendem a ter uma taxa de cobertura de planos de saúde mais alta e do acesso e oferta, em que há disponibilidade de operadoras de planos de saúde e a qualidade e acesso dos serviços públicos de saúde também influenciam essas taxas.
POSICIONAMENTO NO MERCADO E VANTAGENS X DESVANTAGENS
O posicionamento da Bluzz aparece como contraponto ao modelo do livre acesso, majoritário hoje no mercado capixaba, que permite que os pacientes consultem diretamente médicos de diferentes especialidades, realizem exames sem a necessidade de controle rígido por parte do plano e solicitem segundas opiniões e repetições de exames.
O modelo de livre acesso, em essência, oferece autonomia total ao paciente, o que pode resultar em uma experiência mais ágil e conveniente. No entanto, há algumas desvantagens significativas:
1. Altos custos: Com a ausência de mecanismos de controle, o consumo excessivo de consultas e exames tende a gerar custos muito elevados para o sistema de saúde, especialmente em casos de duplicação de exames ou consultas desnecessárias.
2. Sobrecarga dos serviços: O livre acesso pode resultar em uma sobrecarga no sistema, com pacientes demandando mais serviços do que o necessário, impactando a eficiência e disponibilidade de recursos.
3. Riscos de overdiagnosis e overtreatment: Sem uma triagem adequada, pode haver aumento na incidência de diagnósticos e tratamentos desnecessários, o que não só eleva os custos, mas também expõe o paciente a riscos desnecessários.
Saindo da lógica do livre acesso, o modelo Bluzz de gerenciamento do cuidado aparece como a estratégia de acesso dos clientes aos serviços. Assim como previsto na Atenção Primária à saúde, no Sistema Único de Saúde, com a Estratégia de Saúde da Família, cada médico generalista terá um número de pacientes sob seus cuidados.
Esse médico fará os encaminhamentos necessários, sejam consultas com especialistas, exames ou cirurgias. Não contarão com rede própria hospitalar, nem de exames complementares (como imagem e análises clínicas), tudo será terceirizado.
É a lógica semelhante ao Modelo de Gatekeeper (Acesso Controlado), um sistema comum em muitos países, especialmente no Reino Unido. É o modelo em que o paciente precisa passar primeiro por um médico generalista ou clínico geral (o "gatekeeper"), que será responsável por encaminhar o paciente para especialistas e exames, quando realmente for necessário. Esse modelo traz várias vantagens:
- Controle de custos: Ao restringir o acesso direto aos especialistas, há uma triagem mais eficiente e uma redução no uso excessivo de exames e consultas.
- Melhor coordenação de cuidados: O clínico geral atua como coordenador do cuidado, garantindo que o paciente receba o tratamento certo no momento certo.
No entanto, o ponto negativo desse modelo pode ser a limitação de acesso e o aumento do tempo de espera para consultas com especialistas. De acordo com Márcio, essa não será a realidade na Bluzz, já que a referência para atenção secundária especializada estará agilizada pela tecnologia de encaminhamento e pelo número de profissionais necessários para uma cobertura célere.
Em resumo, o modelo de livre acesso oferece uma conveniência imediata ao paciente, mas tende a gerar custos elevados para o sistema de saúde, além de promover uma possível sobreutilização de recursos. Em contrapartida, modelos mais estruturados, como o gatekeeper, buscam equilibrar o acesso aos serviços com o controle de custos, promovendo uma utilização mais racional dos recursos.
ESTRUTURA E SERVIÇOS
Com uma estrutura moderna localizada no 16º andar do Edifício Vértice, em Vitória, a Bluzz conta com 760 m² dedicados ao atendimento de seus clientes. O espaço inclui sala de medicação, consultórios para pequenas intervenções, postos de coleta laboratorial e um auditório para reuniões e grupos de apoio à saúde.
A operadora também oferece atendimento multiprofissional, incluindo médicos de referência, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas.
A cada grupo de 2 mil pessoas atendidas, a Bluzz disponibiliza uma equipe dedicada para oferecer um cuidado completo e personalizado. Além disso, a operadora também utiliza a telemedicina para agilizar atendimentos e proporcionar uma jornada digital mais prática e eficiente para os seus clientes.
ABRANGÊNCIA E PÚBLICO-ALVO
A Bluzz atende empresas de pequeno, médio e grande porte (PME), assim como clientes corporativos e por adesão, das classes A, B e C. Inicialmente, sua área de abrangência cobre os municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana, atendendo pessoas de todas as idades.
