A sub-representação das mulheres na política brasileira é um problema persistente que reflete desigualdades de gênero profundamente enraizadas na sociedade. A construção do voto masculino foi iniciada em 1822, enquanto do feminino surgiu 110 anos depois, em 1932, o que deixa evidente o atraso a ser reparado.
Mas, o problema é tão amargoso que até mesmo a Lei de Cotas para as mulheres um importante marco legal, estabelecida para promover uma maior participação feminina na política, não decorre sendo cumprida, não sendo novidade que inúmeros partidos não a cumprem, inclusive há PEC tramitando para anistia de partidos pelo seu descumprimento — baita retrocesso.
Essa proposta visa perdoar dívida bilionária de partidos que descumpriram a Lei que deveriam atender as cotas mínimas, reitera-se, mínimas de destinação de recursos em razão de sexo ou raça nas eleições de 2022. Tal medida poderia representar um retrocesso na luta pela igualdade de gênero na política, desestimulando os partidos a cumprir suas obrigações de promover candidaturas femininas.
Historicamente, as barreiras para a participação política das mulheres têm sido significativas. Questões como sexismo, estereótipos de gênero e discriminação limitam suas oportunidades de ingressar na política e ascender a posições de liderança. Também, a falta de financiamento e apoio partidário para candidaturas femininas é um obstáculo adicional.
É indispensável reconhecer que a representatividade das mulheres na política não é apenas uma questão de justiça, mas também uma questão de eficácia democrática. A diversidade de gênero nas casas legislativas, sem dúvidas, enriquece o debate público e contribui para a formulação de políticas mais abrangentes e equitativas.
Portanto, é fundamental que o debate sobre sub-representação feminina na política no Brasil considere o papel fundamental para além da reparação da Lei de Cotas e a necessidade da sua implementação efetiva, no lugar de buscar possíveis anistias que possam apenas atrasar o progresso rumo a uma representação política mais igualitária.
Leizielle Marçal Dionizio, apaixonada por Jesus e feminista, não femista. Servidora Pública há 15 anos, Gestora de Unidades Prisionais no Estado há mais de uma década. Empresária, com marca voltada para mulheres e protagonismo dessas, com âmbito social. Graduanda em Psicologia e pós-graduanda em Liderança e Gestão de Equipes, possui certificação da Universidade de Harvard em Resposta Humanitária a Conflitos Atuais, além de outros correlatos.