A diferença de idade entre um homem e uma mulher é realmente um problema ou é apenas um preconceito bobo?
A verdade é que fomos criadas em um sistema patriarcal, onde o homem manda, e a mulher deve “servi-lo”. Aprendemos que o homem deve ser mais maduro que a mulher, ser o provedor da casa, e ter a última palavra.
Na minha casa por exemplo, quando eu era criança, meus pais dialogavam muito, mas, lembro-me de que a ultima palavra “era a dele. E como aconteceu na minha família, com certeza, acredito que na família de muitas mulheres da minha geração, não foi diferente.
Mudanças na forma de pensar
Ainda bem que o mundo está mudando e as pessoas evoluindo, e apesar de homens e mulheres serem iguais e possuirem a mesma capacidade intelectual, os mesmos direitos, anseios, preocupações e necessidades, a mulher atual é resolvida, estuda, se diverte, é bem sucedida, trabalha e é dona de si mesma, da sua própria vida.
Outro ponto importante e que chama a atenção é que as mulheres mais velhas, não fazem joguinhos, não brigam por qualquer coisa, são muito mais seguras de si, da sua sexualidade, sabem o que querem, como gostam, e sabem dizer não com muito mais facilidade do que as mulheres mais novas.
Além disso, temos a tecnologia a nosso favor, por isso, estamos envelhecendo cada vez melhor, nos cuidando muito mais, e não apenas do corpo, mas, da mente e do espírito também. Acredito que são esses predicados que fazem com que cada vez mais, os homens mais jovens queiram namorar mulheres mais velhas. Pra mim, o importante é o casal estar conectado na busca por objetivos convergentes, nos mesmos interesses.
Certo ou errado?
O fato de namorar alguém mais velho não é uma questão de ser errado ou certo, o detalhe não está na idade, mas sim, na capacidade de lidar com os diferentes. E isso vale inclusive, até para quem é da mesma idade!
Em um estudo de 2020, a pesquisadora Mirian Goldenberg identificou que preconceito entre casais ainda existe e é resultado de um conflito em relação ao modelo hegemônico da masculinidade. Mirian investiga o tema há mais de 30 anos, entrevistando 52 casais em relacionamento com mais de dez anos, cujos homens eram, no mínimo, dez anos mais novos que elas.
O estudo concluiu que, em todos os países que a pesquisa foi realizada, existe preconceito contra as relações em que a mulher é mais velha que o homem e, no Brasil, não é diferente já que, em relacionamentos em que eles se casam com pessoas mais novas, estão mais aceitáveis, sem preconceitos e sem estigmas.
O amor não tem idade
O amor supre qualquer decisão. Porém, quando se fala em relacionamento entre pessoas com diferença de idade, deve-se também ter maturidade por parte do casal para entender as questões e os objetivos em conjunto e individual um do outro. A idade de fato é o que menos importa, em termos de objetivos, mas, pode pesar em termos físicos sim. Com o tempo, as demandas e ideais das pessoas mais velhas são muito mais pontuais que das pessoas mais novas. Nesse caso, o que resolve sempre é o diálogo.
As partes devem entender o envelhecer, o amadurecer, principalmente porque a pessoa mais velha já passou pela fase que a mais jovem está e, assim, o entendimento dessa temática deve ser feito com muita cautela. No sexo, pode ocorrer a diminuição do vigor de quem tem mais idade, enquanto o mais novo pode estar em um “ritmo” diferente, além da diferença de libido. Quando isso acontece, devem-se procurar os meios que temos disponíveis: reposição hormonal, terapia de casal, conversa, cumplicidade e ainda mais amor.
Pra mim, o importante é que nos sintamos livres para buscar relacionamentos com aqueles que nos fazem felizes, independentemente da idade. E, meu conselho para os que ainda tem preconceito em relação a essas situações, é que talvez seja hora de olhar para além dos estereótipos e se concentrar no que realmente importa: a felicidade e o bem-estar das pessoas envolvidas.
Izabel Mendonça é jornalista, autora dos livros: “Lisboa com Afeto”e “Encontro e outros contos” e comanda o podcast Se Liga, Mulher aqui na Rede Vitória.
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