Prazer no pós-parto é um direito de todas as mulheres

 No último dia 3 de julho, a digital influencer Viihtube “soltou o verbo” sobre a realidade da vida sexual no Pós-parto, relatando a importância do resguardo e defendendo o respeito com o próprio corpo e o momento.
Porém, nesse relato a influencer evidenciou que mesmo com vontade de ter relação, ela sentiu muita dor, como se um osso estivesse impedindo a penetração. O que acontece é que durante a gestação o peso do bebê pode gerar uma sobrecarga nos músculos do assoalho pélvico, que são os músculos que envolvem a vagina. É essa sobrecarga que geram nódulos de tensão dolorosos ao toque.
Com o parto, principalmente a cesariana, ou quando o médico necessita de realizar uma episiorrafia (dar uns pontos a entrada do canal vaginal), essa tensão piora, podendo gerar no pós-parto falta de lubrificação, fissuras na vulva ou na entrada do canal vaginal.
Nesse sentido, ao tentar a penetração, a mulher pode sentir uma ardência na região, dor, sensação de “rasgar o canal vaginal”… tudo devido a essas tensões e aderências teciduais que ocorrem.
Visualizando os comentários do post, várias mulheres relataram que não sentiram nenhuma dor. Mas, cada mulher é diferente da outra, portanto, sim, essa sensação  pode acontecer sim. A dor não é normal. As alterações funcionais que acontecem na gestação e no pós-parto não são regra para todas as mulheres.
De acordo com um artigo publicado numa revista de ciência médica em 2018, a dispareunia em puérperas (dor na relação) ocorre em aproximadamente 86% das mulheres. Um fisioterapeuta pélvico pode ajudá-las a se tornarem “premiadas” e não sentirem dor na primeira relação pós-parto. O acompanhamento na gestação tem o objetivo de facilitar um parto via vaginal e preparar a musculatura e a estrutura pélvica para um bom parto. Já para um excelente pós-parto é fundamental uma avaliação fisioterapêutica. Após o resguardo também, justamente para evitar esse desconforto e vários outros que podem vir a aparecer.
A fisioterapia pélvica é uma profissão relativamente nova e nem todos têm acesso. Caso você tenha a possibilidade de realizar o tratamento, não pense duas vezes, pois ele fará uma grande diferença na sua qualidade de vida. Entretanto, se você está gestando ou no resguardo e não tem acesso a esse atendimento, existem algumas dicas para tentar prevenir ou amenizar a dor na primeira relação pós-parto.

Dicas que vão amenizar a dor na primeira relação  pós parto

Primeiramente, respeite seu resguardo de acordo com as orientações médicas.
Respeite também sempre a sua vontade, pois é normal não ter desejo nesse período não só por questões hormonais, mas por cansaço, privação do sono, sobrecarga, entre outros fatores.
Procure ter uma rede de apoio para ajudar nos cuidados com o bebê e claro, manter um bom diálogo com o parceiro.
As preliminares devem ser caprichadas. Se possível tenha as primeiras relações com orgasmo sem ter penetração, isso vai ajudar a relaxar a musculatura. Use lubrificante e lembre-se: respeite o seu corpo. Se doer, pare a relação. Não tenha relação com dor ou sem vontade!
No relato da influencer, ela também cita que sentiu dor na primeira relação da sua vida e que isso deveria estar associado à dor da qual ela sentiu nessa fase. Mas vale destacar uma coisa: dor na relação nunca é normal. Nem na primeira, nem na milésima.
Thaís Págio Chagas é fisioterapeuta especializada na região pélvica e sexualidade humana e professora universitária.

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