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Voz da inclusão

por Feapaes-ES

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Entrevista

Oftalmologista fala sobre saúde ocular de pessoas albinas

A oftalmologista Camila Zanon explica os problemas visuais recorrentes em pessoas albinas.

Confira nossa entrevista exclusiva

Estamos na semana do Dia Internacional de Conscientização do Albinismo, uma data importante no combate ao preconceito contra pessoas albinas.

Como já adiantamos ontem na coluna, vamos trazer hoje uma entrevista com a oftalmologista Camila Zanon. Ela fala com Voz da Inclusão sobre os problemas de visão comuns em pessoas albinas.

1 - Por que pessoas albinas apresentam problemas oculares?

O albinismo é uma condição genética rara relacionada a ausência de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, cabelo e olhos e por proteger essas superfícies da radiação solar.

É identificada em todos os grupos populacionais, independente da raça, sexo ou classe social. Não compromete o desenvolvimento mental e intelectual e geneticamente possui caráter recessivo, ou seja, para se manifestar precisa que o gene alterado seja transmitido pelo pai e pela mãe.

Existem duas formas de expressão, as formas não sindrômicas (óculo-cutânea ou ocular) em que são afetados pele, cabelo e olhos; e as sindrômicas, que além desses órgãos há também comprometimento dos pulmões, intestinos e sistema nervoso.

2 - Quais são os problemas oculares mais comuns para albinos?

A ausência de pigmento na íris (parte colorida dos olhos) faz com que grande quantidade de luz atinja a retina (parte do olho onde a imagem é retida) gerando desconforto e dor pelo excesso de luz, chamado de fotofobia. O que também é a razão dos albinos terem os olhos azuis ou castanhos muito claros e com aparência rosada, a falta de pigmento permite a visualização dos vasos do fundo do olho, que faz terem o aspecto dos olhos sempre avermelhados.

A imagem, após ser captada na retina é conduzida pelo nervo óptico, que em condições normais tem melanina, até a região cerebral responsável pelo processamento da imagem. O nervo óptico, no albinismo, não consegue fazer a condução perfeita da imagem até a região necessária para haver a sobreposição da imagem de cada olho que gera a estereopsia (visão com profundidade). É uma função que precisamos por exemplo para dirigir, assistir imagens em 3D, praticar alguns esportes.

É mais prevalente em pessoas com albinismo, por má formação anatômica da córnea (superfície mais externa dos olhos), erros de refração diversos, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. E por má formação da fóvea (região central da retina, responsável pela visão de cores) apresentarem dificuldade na visão de detalhes, reconhecimento de fisionomia e na tentativa de compensação dessa dificuldade o olho apresenta movimentos involuntários que chamamos de nistagmo.

O diagnóstico costuma ser precoce, logo ao nascimento, por causa das alterações de pele e cabelo. A avaliação oftalmológica precoce é necessária para viabilizar o mais rápido possível medidas que minimizem as consequências da doença.

3 - São tratáveis?

O tratamento visa aumentar a qualidade de vida dessas pessoas, não há nenhuma forma de cura. Medidas como uso de óculos de graus, óculos de sol com proteção contra radiação solar, óculos com lentes coloridas, oclusão ocular (tampão), tratamento de estrabismo são medidas que minimizam o dano visual e aumentam a qualidade de vida.

Outras medidas protetivas também são importantes, como uso regular de protetor solar, chapéus, evitar exposição solar excessiva.

A OMS estabeleceu o dia 13 de junho como Dia Internacional de Conscientização sobre o Albinismo e nos faz refletir sobre o respeito às diferenças e ao amor ao próximo que devemos praticar em nosso dia a dia.