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Voz da inclusão

por Feapaes-ES

Pedro Felipe e uma obra com textura

Crédito: Arquivo pessoal

Entrevista

O garoto que se descobriu artista

Crédito: Arquivo pessoal

Confira nossa entrevista exclusiva

O garoto que se descobriu artista

Cada pessoa “se encontra” no mundo de uma forma. Alguns mais cedo, outros um pouco mais tarde. Como tudo na vida, aliás.

O Pedro Felipe descobriu seu amor por arte bem cedo. Incentivado pelos pais (Alessandra Santos da Silva Resende e Oséias Felipe Resende), vem estudando e pintando cada vez mais.

Tanto que, desde maio está com uma exposição própria na Biblioteca Setorial de Maruípe, no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes. “Meu Expressar – Não há limites para seus sonhos: um autista que se tornou artista” traz 18 pinturas de Pedro, está aberta para visitação de segunda a quinta-feira, das 7 às 21 horas, em todo o espaço expositivo da biblioteca, até o dia 27 de junho.

Em celebração da Semana do Orgulho Autista, confira abaixo nossa entrevista com a Alessandra, que também se descobriu artista com o filho.

1 - Como foi o diagnóstico do Pedro Felipe?

Apesar do despertar para o assunto bem cedo, nós ficamos um ano o levando a vários profissionais da saúde que faziam perguntas do tipo “ele anda na ponta dos pés?”.

A resposta foi não, então “pode ir embora, se começar andar na ponta dos pés você volta”. Outro tirou uma foto e disse que ele não tinha nada.

Até que um dia alguém me falou de uma neuropediatra que era especialista no assunto e conseguimos agendar uma consulta, mas até a data da consulta eu fotografava e filmava tudo que ele fazia, como arrumar os carrinhos separando cor e como se tivesse em um estacionamento, brincar com o patinete com a roda virada para cima...

Quando chegamos ao consultório, ela o avaliou de forma bem diferente que os anteriores, apresentei os vídeos e fotos e logo ela já deu o diagnóstico.

2 - Como foi esse despertar dele para as artes?

Desde bem cedo ele sempre gostou de desenhar. Ele desenhava, recortava e brincava como se os desenhos fossem brinquedos. A primeira exposição dele foi no dia 20 de setembro de 2019 no UMEF António de Barcellos no dia “A”.

Mas as telas surgiram quando nós nos mudamos para a casa que moramos hoje. Ao arrumar o quarto dele percebi que ficou branco demais, foi quando eu o convidei a pintar alguma coisa para colocar na parede e ele simplesmente levantou, pegou uma tela e tinta e pintou a primeira tela.

3 - Ele tem algum tema favorito para pintar?

Não. Ele tem dois tipos de obras: as que ele pintava no curso, em que ele aceitava a orientação da professora; e as que ele faz em casa, que vêm da inspiração dele, e não aceita que eu o ajude. Ele ama desenhar Patatí Patatá.

4 - Como surgiu a ideia da exposição?

Na convivência com várias famílias com crianças atípicas, percebo que existe um certo desespero das mães sobre o futuro dessas crianças. Por isso, comecei a procurar uma oportunidade de mostrar o trabalho do Pedro Felipe na intenção de inspirar as famílias atípicas a não desistirem. Principalmente respeitar os limites da criança, porque penso que não adianta eu querer que meu filho seja “fera” em matemática se ele odeia escrever.